Politica

Águas Lindas: Insistência em atentado político

Candidato a prefeito de Águas Lindas busca argumentos para contrapor tese de que o assassinato de José Venceslau trata-se de crime comum. Estratégia é considerada eleitoral

postado em 27/08/2008 09:18
A campanha de Geraldo Messias (PP) à prefeitura de Águas Lindas (GO) insiste em encontrar fatos que classifiquem de eleitoral o assassinato do candidato a vereador José Venceslau da Costa (PP), morto durante um comício no município, apesar dos indícios levantados pela Polícia Civil apontarem para crime comum.

A capitalização da morte do candidato tem como objetivo dar gás à campanha de Messias, que tenta pela segunda vez vencer a prefeitura da cidade a 51km de Brasília. A campanha do PP divulga a tese de que o tiro que matou Venceslau era endereçado a Messias. O assassinato ocorreu no momento em que o candidato a prefeito iniciava o discurso no comício. O criminoso aproveitou a queima de fogos para disparar o tiro.

;Nós temos convicção de que a bala era para o Geraldo Messias. O Irmão Venceslau agiu para evitar um crime maior;, disse Sebastião Antônio da Silveira, conhecido como Professor Tiãozinho (PP), que busca uma vaga na Câmara de Vereadores. No dia seguinte ao assassinato, a campanha de Messias organizou uma passeata em Águas Lindas em defesa da paz eleitoral. O ato acabou sendo um encontro suprapartidário envolvendo outros candidatos à prefeitura e à Câmara de Vereadores.

A Polícia Civil não encontrou nenhum fato que indique crime político, segundo a delegada Ana Cristina Hasegawa, chefe do Centro Integrado de Operações de Segurança. A tese de que o alvo seria Messias é ainda menos factível, segundo os investigadores. Venceslau foi morto com um tiro à queima-roupa na cabeça. O criminoso chegou a dar um tiro, que acertou o chão, mirando no corpo caído.

;Burrice;

O candidato a prefeito Luiz Alberto de Oliveira (PSol) classifica de ;burrice; a tentativa dos correligionários de Messias fazer da morte de Venceslau um ativo político para a campanha. ;Se alguém tentar tirar proveito dessa situação, ganhar em cima da perda da família, é uma burrice muito grande;, disse Oliveira. Hildo do Candango, concorrente do PSB, faz eco ao adversário. Para ele a tese de crime eleitoral não se sustenta.

E não se sustenta também para a polícia, que já prendeu Edivan José de Souza, o Boca, suspeito de participar do assassinato, e está atrás de Sebastião Alves Veloso, o Tião, que estaria escondido na Bahia. Ambos estavam no comício de Messias.

Cerca de 40 minutos antes do crime, Edivan envolveu-se numa briga com Francisco de Souza, o Ceará, e, irritado, teria pedido para Tião matá-lo. Na hora do crime, houve a confusão e o candidato a vereador acabou morto por engano, segundo a linha principal de investigação da Polícia Civil. Venceslau era muito parecido com Ceará.

Com a tese de crime eleitoral praticamente descartada, ainda há apenas uma hipótese aberta: a de que o crime ocorreu por uma antiga rixa de Venceslau com traficantes locais que tentavam aliciar familiares dele. O candidato a vereador morreu a poucos metros de sua casa no bairro Cidade do Entorno, um dos mais violentos de Águas Lindas. Ele tentava pela segunda vez se eleger vereador. Na primeira tentativa, teve 145 votos.

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