postado em 27/08/2008 20:55
São Paulo ; Adversários na disputa pela prefeitura da capital paulista, a ex-ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), e o atual prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), abriram espaço no mesmo horário em suas agendas e acabaram se encontrando no final da tarde desta quarta-feira (27/08) durante o velório do banqueiro Olavo Setúbal, realizado na sede do Banco Itaú, no bairro do Jabaquara, zona sul da cidade.
Marta e Kassab ficaram a menos de cinco metros de distância um do outro, mas não se falaram. Em respeito aos parentes e amigos do ex-presidente do Conselho de Administração do Itaú, também evitaram conversar sobre política e sobre os rumos de suas campanhas no local.
A candidata petista, também ex-prefeita paulistana e antecessora de Kassab no cargo (2001-2004), estava acompanhada de assessores e de seu candidato a vice na chapa, o deputado federal Aldo Rebelo (PC do B).
Ela cumprimentou os presentes, solidarizou-se com a família de Setúbal e só não falou com o adversário democrata porque, segundo sua assessoria, no momento em que precisou retirar-se para dar continuidade aos compromissos de agenda, Kassab dava entrevista aos jornalistas. Argumento semelhante foi dado por assessores do democrata.
Na terça-feira (26/08), Marta afirmara que Kassab "se apropria de obras alheias". A crítica foi feita em referência a dois hospitais usados fartamente na campanha democrata como sendo obras da atual administração ; equipamentos projetados, planejados e iniciados ainda na gestão da ex-prefeita, segundo a campanha petista.
Estratégia
Foi a primeira vez que a candidata do PT atacou abertamente o prefeito. Até então, o candidato do DEM vinha comparando sua administração com a feita por sua antecessora, apresentando números e realizações sempre favoráveis a seu governo. Os chamados desafios propostos por Kassab, no entanto, não estavam sendo rebatidos pela campanha de Marta, cuja coordenação definiu uma postura mais propositiva e menos defensiva do que a demonstrada em disputas anteriores.
Analistas políticos e segmentos do PT afirmam, porém, que ao reagir devolvendo as críticas de Kassab, Marta sinaliza o início de uma nova estratégia, supostamente fundamentada na perspectiva de que o democrata possa ser um adversário menos difícil de ser batido, em um eventual segundo turno, do que o candidato do PSDB, o ex-governador paulista, Geraldo Alckmin. Assim como Marta, Kassab ainda registra altos índices de rejeição nas principais pesquisas de intenção de voto, ao contrário de Alckmin, dono de baixa taxa de rejeição.
A petista segue disparada como líder na preferência do eleitorado paulistano, de acordo com levantamentos feitos nos últimos 15 dias por dois dos principais institutos do país (Ibope, pesquisa registrada no TRE-SP sob o número 01700108-SPPE e encomendada em parceria por O Estado de São Paulo e TV Globo; e Datafolha, em pesquisa feita para Folha de São Paulo e TV Globo, com registro de número 01900108-SPPE no TRE-SP).
A candidatura de Kassab, terceiro colocado, registrou, segundo os mesmos institutos, crescimento, enquanto que a de Alckmin, o segundo colocado, apresentou ligeiro recuo.
O candidato tucano também compareceu ao velório de Olavo Setúbal. Já o deputado federal Paulo Maluf, candidato à prefeitura da capital paulista pelo PP, irá manifestar seu pesar à família no início da manhã desta quinta-feira, pouco antes da cerimônia em que o corpo do banqueiro será cremado, no Crematório da Vila Alpina, na zona leste. Setúbal, de 85 anos, morreu às 8h15 desta quarta-feira no Hospital Sírio Libanês, vítima de insuficiência cardíaca. O prefeito Gilberto Kassab decretou luto oficial por três dias.