Politica

Pesquisa revela que maioria dos eleitores votaria em uma mulher

Apesar disso, poucas se arriscam na carreira política. De 81 concorrentes a prefeito no Entorno, sete são do sexo feminino

postado em 01/09/2008 09:06

A baixa participação da mulher na política não pode ser atribuída à resistência dos eleitores. A boa aceitação do público feminino em cargos eletivos foi medida em uma pesquisa Estado/Ipsus divulgada neste ano. O levantamento revelou que 68% dos brasileiros não concordam com a idéia de que política é um universo reservado ao gênero masculino. E sete entre cada 10 entrevistados declararam que votariam em uma mulher para qualquer cargo eletivo, desde vereadora a presidente. Além disso, metade das pessoas abordadas acredita que as mulheres são mais competentes e honestas.

Apesar da simpatia do eleitorado, a participação das mulheres nas campanhas eleitorais ainda é muito tímida. O Entorno do Distrito Federal é um exemplo dessa realidade. Dos 22 municípios da região, somente seis têm mulheres na disputa pelas prefeituras. As poucas candidatas concorrem em Alexânia, Cidade Ocidental, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso.

Predomínio masculino
Dos 81 candidatos a prefeito no Entorno, 74 são homens, o que equivale a mais de 90% dos concorrentes. O percentual de participação feminina observado na vizinhança do Distrito Federal é ainda mais baixo do que no resto do país. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em um grupo de 15.289 candidatos a prefeito em todo o Brasil, apenas 11% são mulheres, ou seja 1.592. Enquanto isso, 13.697 homens concorrem ao Poder Executivo.

Sônia Mello é uma das sete representantes da classe feminina na campanha do Entorno. Atual prefeita de Cidade Ocidental, ela decidiu tentar a reeleição depois da morte do prefeito Plínio Araújo, em março deste ano. Ex-vereadora por dois mandatos, Sônia não representa uma exceção apenas quanto ao gênero. Ela é a única candidata a prefeito do Entorno que no quesito escolaridade declarou à Justiça Eleitoral saber ler e escrever apenas. Os outros 80 candidatos comprovaram formação que varia entre o ensino fundamental e o nível superior, sendo que a maioria dos adversários (39) tem diploma de nível superior.

Título perdido
A prefeita de Cidade Ocidental afirma, no entanto, que chegou a terminar o ensino médio no Marista de Taguatinga há mais de 30 anos. Mas um incêndio na secretaria da escola não deixou vestígios de seu registro como aluna. ;É uma pena, mas o importante é que eu trouxe o conhecimento comigo. Uma hora destas, vou atrás de saber o paradeiro do meu histórico;, afirma.


Resistência é cultural
Fatores culturais, socioeconômicos e políticos são citados por especialistas como motivos para a baixa participação feminina nas eleições. ;As mulheres não se sentem preparadas para se envolver com política por conta da criação;, diz Patrícia Rangel, cientista política e consultora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria. A sobrecarga do trabalho em função das tarefas domésticas e a resistência dos partidos em dar maior apoio às candidaturas femininas também prejudicam o desempenho nas urnas.

O diagnóstico é semelhante ao apresentado por Fernanda Vieira, gerente do programa de gênero, raça, etnia e pobreza do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher. Vieira destaca ainda o baixo investimento de recursos financeiros e técnicos nas candidaturas femininas. ;Qualquer forma de sub-representação compromete a democracia;, declara. (FF)

O número
Baixa participação

6
é o número de cidades do Entorno que terão mulheres na disputa pelas prefeituras

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