postado em 01/09/2008 16:03
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) cobrou nesta segunda-feira (1º/09) a demissão dos responsáveis pelo grampo da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) que teria monitorado seu gabinete e outras autoridades dos três Poderes, como o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes.
Demóstenes disse não acreditar, porém, no envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos grampos ilegais. "O presidente [Lula] tem que tomar uma decisão dura contra a Abin. Eu não tenho dúvidas de que o presidente não tem participação nisso porque ele não iria mandar grampear seus principais ministros e seus candidatos [à presidência do Senado] no Congresso", afirmou.
Reportagem da revista "Veja" desta semana afirma que as escutas clandestinas teriam sido realizadas pela Abin contra Mendes, Demóstenes, parlamentares do governo e da oposição, além de ministros como Dilma Rousseff (Casa Civil) e José Múcio Monteiro (Relações Institucionais). A revista publicou diálogo telefônico mantido entre o presidente do STF e o senador da oposição no último dia 15 de julho. Mendes e o senador confirmaram a conversa. Segundo a "Veja", a transcrição da conversa foi obtida das mãos de um agente da Abin -- que, por lei, não pode realizar interceptações telefônicas.
Demóstenes mencionou entre os supostos responsáveis pelos grampos o diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Jorge Félix, além do próprio Ministério da Justiça. "Se for o Ministério da Justiça, tem que ser ele [demitido]. Se for o general Félix, tem que ser ele. Se for o Lacerda, também tem que ser ele. E se forem funcionários que querem o afastamento do Lacerda, têm que ser eles." O democrata classificou de "canalhice" e "ato bandoleiro" os grampos ilegais supostamente executados pela agência.
Demóstenes defende que o Senado e o próprio STF executem varreduras para identificar os grampos clandestinos. "Eu acho que tem que fazer varredura no Senado, no Supremo, mas principalmente no cérebro desses agentes da Abin. Isso foi uma burrice." O senador vai se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira ao lado do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e do senador Tião Viana (PT-AC) --que também teria sido grampeado pela Abin. Demóstenes disse que o Congresso deve dar ao presidente "confiança para atuar" neste caso. Do contrário, o parlamentar defendeu que o Legislativo apure as acusações por conta própria. "Se ele [Lula] não atuar, a gente mesmo faz", disse.
Demóstenes defendeu que Lula não demita "bodes expiatórios", mas os realmente responsáveis pelos grampos. "A gente precisa é mesmo enquadrar a Abin. Se o presidente se omitir, vamos para cima do presidente", afirmou.