postado em 04/09/2008 10:38
A Polícia Federal não descarta fazer uma varredura geral nos telefones dos principais ministérios da Esplanada, dentro da ação que apura escutas clandestinas supostamente instaladas no Supremo Tribunal Federal (STF). A apuração vai começar com uma perícia nas instalações do Senado, de onde partiu a ligação para o STF. Ontem, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, se reuniu com o presidente da Casa, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), para explicar como será feito o trabalho e recebeu a garantia de que haverá colaboração da Mesa Diretora. A PF vai adotar três linhas de investigação, incluindo a possibilidade de vazamento de alguma interceptação feita durante a Operação Satiagraha.Apesar de a segurança do Senado ter feito um rastreamento nas dependências da Casa, a Polícia Federal vai realizar uma perícia técnica no local, principalmente na central telefônica, um dos meios prováveis para a instalação de um grampo. Investigadores não descartam a possibilidade de ter sido colocado um sistema de escuta por terceiros, mas a hipótese é uma das menores. A mais acentuada é relacionada à Satiagraha, desencadeada em julho, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, controlador do Opportunitty. A PF vai apurar se alguma escuta telefônica feita durante as investigações vazou e foi tornada pública.
O inquérito aberto na segunda-feira passada está correndo em sigilo, mas os delegados Willian Morad e Rômulo Berredo estudam fazer a varredura na Esplanada para saber a extensão do problema. Ontem, Corrêa explicou para o presidente do Senado como iria ser feita a investigação, observando que a varredura nos telefones pode ser uma alternativa como forma preventiva, mas descartou que isso fosse utilizado na Casa, como sugeriram alguns parlamentares, depois da gravação de uma conversa entre o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, e o senador Demostenes Torres (DEM-GO).
Descrédito
A intenção da PF é concluir o inquérito com a maior rapidez possível, uma forma de não apenas encontrar o autor dos grampos, mas também diminuir os efeitos que o episódio causou dentro do governo, principalmente na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A corporação é acusada de ter feito as escutas clandestinas, o que provocou o afastamento do seu diretor, Paulo Lacerda. ;Temos que ter em vista, além de tudo, que há uma política de descrédito das instituições e a PF poderá ser a bola da vez;, afirma um delegado da área de repressão ao crime organizado.
Ontem, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que a PF está empenhada em descobrir os autores do grampo e contestou a existência de um estado policialesco no país, ao contrário do que disse Gilmar Mendes, há alguns dias. ;É uma metáfora que se usa para gerar uma preocupação positiva na sociedade e combater abusos;, disse o ministro. Segundo ele, existe hoje uma disseminação de tecnologia e é necessária a adoção de meios para impedir que os equipamentos sejam usados para a clandestinidade.