Politica

Caso BNDES: Limite na atuação de conselheiros

Depois da denúncia de tráfico de influência para liberação de empréstimo no banco de desenvolvimento, diretor da instituição admite a integrantes do Conselho de Ética que é preciso mudar regras de conduta

postado em 04/09/2008 10:42

O diretor de Inclusão Social e Crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Élvio Lima Gaspar, admitiu que a instituição estuda impor limites na atuação de seus conselheiros. A idéia começou a ganhar força depois de a Polícia Federal acusar João Pedro Moura e Ricardo Tosto de tentar praticar tráfico de influência para liberar empréstimo à Prefeitura de Praia Grande (SP). Em depoimento ao Conselho de Ética ontem, Gaspar afirmou que não há nenhum limite para a atuação dos conselheiros. Eles poderiam marcar audiências exclusivas com algum diretor e até tratar de empréstimos específicos. ;Nós queremos mudar nosso código para limitar os conselheiros a discutir somente a estratégia do banco;, disse o dirigente. Ele negou, no entanto, ter recebido Moura ou Tosto para discutir o empréstimo de R$ 124 milhões à cidade litorânea paulista que acabou alvo de desvio de uma quadrilha, que teria como um dos beneficiários o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). O relator ainda não demonstrou estar convencido de que não houve influência. Moura e Tosto foram indicados pela Força Sindical, central presidida por Paulinho, para integrar o quadro de conselheiros do BNDES. Élvio Lima Gaspar Segundo Gaspar, os conselheiros reúnem-se somente quatro vezes por ano para aprovar o orçamento trimestral da instituição, discutir estratégias de atuação e sequer têm salas disponíveis na sede do banco. Apesar disso, a Polícia Federal identificou uma quadrilha, que teria como mentor João Pedro Moura. Ele teria negociado com o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, uma propina para facilitar o empréstimo do BNDES. Segundo a PF, a quadrilha teria recebido R$ 2,6 milhões por supostamente ter negociado a liberação. ;Bravata; Élvio Lima Gaspar disse que a instituição está blindada contra tráfico de influência, lembrando que uma auditoria interna constatou que não houve irregularidade no processo que aprovou o financiamento à prefeitura paulista. ;Se essas pessoas venderam alguma coisa, é bravata, venderam vento e não entregaram;, disse o diretor.

O diretor de Inclusão Social e Crédito do BNDES comenta a conclusão da auditoria interna que não detectou irregularidades no processo de liberação do empréstimo à prefeitura de Praia Grande.

Em um momento, ele demonstrou irritação com a insistência do relator Paulo Piau (PMDB-MG) em tentar tirar informações sobre como são os trâmites do BNDES. ;Vocês deveriam investigar o desvio na prefeitura de Praia Grande e nas Lojas Marisa. O desvio não ocorreu no BNDES, mas ocorreu com recursos do BNDES, como poderia ser do Orçamento Geral da União;, disse.

O diretor da instituição disse ainda ser normal e legal o pagamento de comissão para prestadores de serviço que intermedeiam liberação de recursos. Além do financiamento à Praia Grande, a quadrilha também teria agido em um de cerca de R$ 220 milhões às Lojas Marisa, que fez um contrato de risco com a empresa de consultoria Progus, comprometendo-se a pagar uma comissão caso fosse efetivado a liberação dos recursos. O Conselho de Ética volta a se reunir somente em 14 de outubro depois das eleições. O relator Paulo Piau espera ouvir o prefeito de Praia Grande. Ele quer saber se houve alguma influência do deputado Paulo Pereira da Silva no empréstimo.

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