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Politica

Deputados enterram CPI dos Cemitérios

Distritais decidiram pelo encerramento dos trabalhos da comissão antes do prazo final, que terminaria somente no fim do mês que vem

Por três votos favoráveis e dois contrários, os distritais que integram a CPI dos Cemitérios decidiram enterrar as investigações na Câmara Legislativa, 45 dias antes do prazo final. O encerramento oficial dos trabalhos ocorrerá na próxima quinta-feira (11/09) com a apresentação e votação do relatório do deputado Benício Tavares (PMDB). Qualquer diligência, entre as várias aprovadas e não realizadas até o momento, ocorrerá até lá, desde que haja uma compatibilidade nas agendas dos parlamentares. Numa rara oportunidade, a sessão dessa quinta (04/09) contou com quorum completo. Benício, o presidente da CPI, Rogério Ulysses (PSB), e Júnior Brunelli (DEM) foram favoráveis à interrupção da apuração. José Antônio Reguffe (PDT) e Érika Kokay (PT) queriam mais tempo para aprofundar as investigações. O problema é que muitos pontos levantados até agora não foram esclarecidos, como a susposta rede de extorsão na secretaria de Desenvolvimento Social para o funcionamento provisório de funerárias e muitas das irregularidades atribuídas à empresa Campo da Esperança, responsável pela administração dos seis cemitérios do Distrito Federal, por meio de concessão pública. Deputados apontam, por exemplo, que até hoje a CPI não recebeu documentos que atestem o faturamento da Campo da Esperança ou o quanto a concessionária recolheu em impostos desde que assinou contrato com o governo do Distrito Federal há oito anos. Também não há informações oficiais sobre o valor da dívida que a Associação dos Jardineiros tem com a Companhia de Saneamento do Distrito Federal (Caesb) por contas não quitadas nos últimos cinco anos. Água A empresa pública do GDF cobra da Campo da Esperança na Justiça uma fatura de cerca de R$ 5 milhões pelo fornecimento de água aos jardineiros, profissionais autônomos que cuidam da conservação dos cemitérios sem vinculação direta com a concessionária. ;A CPI tem um mérito: mostrou muitos problemas para a sociedade, mas não era hora de acabar porque ainda há muito a apurar;, avalia Reguffe. Para Érika Kokay, a CPI deveria colher ainda o depoimento de todos as pessoas citadas durante os trabalhos. Eles concordam também num ponto: o relatório final da CPI deve recomendar a cassação da concessão do poder público com a Campo da Esperança. É possível que eles apresentem adendos ao relatório final. Benício prometeu repassar até quarta-feira uma cópia da versão que apresentará. O rompimento do contrato entre o GDF e a Campo da Esperança não deverá ser incluído no texto final. Na última terça-feira, os técnicos da CPI apresentaram um relatório prévio, com o aval de Rogério Ulysses, que propõe o indiciamento de 12 pessoas, entre as quais o dono da Campo da Esperança, Francisco Moacir Pinto Filho. Benício disse ao Correio que não aprova a íntegra do relatório prévio. ;Acho melhor fazer um texto mais propositivo;, afirma o relator. Ele pretende apresentar projetos de regulamentação do setor funerário, com uma tabela de preços de enterros, criação de uma funerária pública para regular o mercado e de novas áreas para cemitérios, entre outros assuntos.