postado em 05/09/2008 09:06
A data da emancipação política de várias cidades do Entorno do Distrito Federal corresponde ao tempo de vida de um adolescente. Como na vida pessoal, a atividade política guarda características próprias dessa fase. Recém criados, municípios vizinhos a Brasília estão no auge da formação de uma identidade. Por um lado, isso contribui para inseguranças e desacertos administrativos de uma geração de homens públicos ainda em construção, mas por outro oferece a oportunidade de renovação da classe de gestores.
Cidades goianas como Novo Gama, Valparaíso, Águas Lindas e Cabeceira Grande, em Minas Gerais, conseguiram a emancipação há menos de quinze anos e até hoje tiveram apenas três eleições municipais. Preparam-se para a quarta disputa nas urnas. Levantamento feito pela reportagem do Correio indica que das 22 cidades que compõem o Entorno do DF, oito delas estão entre a quarta e a sétima edição do pleito municipal.
Quem faz política nesses lugares consegue indicar uma série de dificuldades próprias desse período. ;A conversa com os governos estadual e federal é mais difícil. A gente não tem tradição política e por isso não tem vez;, diz Doca (PT), vice-prefeito do Novo Gama e candidato ao Executivo em outubro. ;É difícil montar uma chapa com pessoas experientes na administração pública;, acrescenta Alexandre Varela (PSol), que tentará uma vaga de prefeito em Valparaíso.
A cidade do Novo Gama foi criada há apenas 12 anos. E a primeira eleição no município ; a 40km de Brasília ; ocorreu em 1996. Antes disso, a região com cerca de 86 mil habitantes era um distrito de Luziânia. A história política de Valparaíso é bastante parecida. Os habitantes desse lugar foram às urnas pela primeira vez em 1996, depois do plebiscito que deu à região status de cidade politicamente independente. A emancipação de uma cidade envolve um processo complexo, que não depende apenas da vontade da população, mas também leva em conta o número de eleitores e de moradores do lugar.
Inexperiência
Dos 12 anos de existência de Cabeceira Grande, em Minas Gerais, Antônio Nazaré (PSDB) administrou a cidade por oito anos e agora concorrerá a mais um mandato. O candidato alega que, quando esteve à frente do cago, fez uma série de melhorias para a pequena cidade no interior do estado ; são apenas seis mil habitantes. Entre elas, o político cita o asfaltamento de rua, a construção de uma escola e de dois postos de saúde. Mas a Justiça questiona a conduta do administrador. Ele responde a quatro processos, um deles por improbidade administrativa. É acusado de ter usado a máquina pública em proveito próprio. Ao Correio, o prefeito atribui o gesto de ter se beneficiado de equipamento da prefeitura para construir a própria casa à inexperiência política. ;Eu não sabia que era errado. Desde que fui avisado, parei;, alega o concorrente.
Dissidência de Santo Antônio do Descoberto, Águas Lindas de Goiás alcançou a independência em 1997. Desde então, a cidade vive em constante turbulência política. Um dos quatro prefeitos que assumiram o comando da cidade o fez por meio de nomeação, na condição de interventor. A medida foi tomada para contornar o afastamento de José Zito determinado pela Justiça, sob o argumento de improbidade administrativa. O prefeito José Pereira Soares, que administrou a cidade nos últimos quatro anos, também foi alvo de várias acusações. Ele responde a nove inquéritos por suspeita de improbidade.
O número
12 anos
É o tempo de emancipação política de quatro das 22 cidades que compõem o Entorno do Distrito Federal
8
É a quantidade de municípios vizinhos a Brasília que estão entre a quarta e a sétima edição da eleição