postado em 06/09/2008 11:56
A proposta de governo municipal de Ivan Valente, se for eleito prefeito de São Paulo pelo P-SOL, é um resgate de propostas esquerda, com participação popular e social, universalização de direitos e distribuição de renda.
Valente, que é professor e engenheiro, participa da política nacional desde os anos 1960. Foi militante na resistência democrática ditadura; foi perseguido, preso e torturado pela ditadura militar.
O candidato do P-SOL participou da fundação do PT e foi membro da direção nacional por 17 anos. Por duas vezes foi deputado estadual (1987-90 e 1991-94) e está em seu terceiro mandato como deputado federal. Hoje, integra a direção nacional do P-SOL e participa das comissões de Educação e Cultura e de Defesa do Consumidor na Câmara dos Deputados e sua atuação, segundo ele próprio destaca, é focada na educação, meio ambiente, saúde do trabalhador, direito assistência farmacêutica e dignidade da pessoa humana.
A primeira marca de uma campanha do P-SOL é garantir que haverá participação social e popular. A segunda, é inverter prioridades ou seja, hoje quem controla a cidade são as grandes corporações a especulação imobiliária, o capital financeiro, que determinam os rumos da cidade. Nós vamos inverter as prioridades, dizer que está na hora de universalizar direitos e garantir distribuição de renda. Isso significa justiça social, afirmou.
Valente citou a cobrança da dívida ativa da cidade como uma das diferenças das propostas do P-SOL em relação s dos demais candidatos. Os devedores serão cobrados. São R$ 28 bilhões. A dívida é maior do que o orçamento, que é de R$ 25 bilhões. Nós vamos cobrar particularmente os grandes devedores do sistema, que sempre são anistiados, explicou.
Na área de finanças, o candidato destacou que vai renegociar a dívida do município, que hoje está em R$ 45 bilhões e gera, em juros, prejuízo de R$ 2,3 bilhões por ano. São 2,3 bilhões de reais anualmente sangrados, que dariam para construir 100 quilômetros de corredores exclusivos de ônibus, ou construir 60 mil casas populares, disse.
Na área dos transportes, Valente vai propor que o transporte público coletivo de massa seja gratuito. Segundo ele, o transporte deve ser obrigação do estado, bancado pelos setores que mais se beneficiam do transporte público de massas, principalmente indústria e comércio.
Nós temos um princípio que diz que, assim como a saúde e a educação são direitos dos cidadão, obrigação do estado, a mobilidade também é direito do cidadão. Deveria ser um dever do estado, que pode criar um fundo de transporte daqueles que se beneficiam do transporte coletivo de massas. Isso já acontece nos Estados Unidos e na Europa. É tarifa zero em Nova Iorque e em várias cidades da Europa, afirmou Ivan Valente.
Para enfrentar o problema de trânsito da cidade, o candidato afirmou que vai combater a visão de que a matriz de transporte se dá pelo automóvel. Isso é de uma imensa irracionalidade, do ponto de vista coletivo e do ponto de vista energético, e da solução do trânsito em São Paulo. Então, propomos investir pesado no transporte público de massas sobre trilhos. É trem e metrô. Essa é a prioridade, destacou o candidato.
Ele ressaltou que, em segundo lugar, vai apoiar a construção de corredores exclusivos de ônibus e de ciclovias. Em todos os sentidos o transporte de ônibus transporta mais pessoas e tem menos poluição e ocupa menos espaço. Mas, mais do que isso, é mudar uma cultura, é oferecer um bom serviço público gratuito, disse.
Em matéria de educação, Valente afirmou que vai voltar a aplicar em manutenção e desenvolvimento do ensino 30% dos impostos que chegam aos cofres do município. Segundo ele, nas últimas gestões esse número foi reduzido a 25%.
Nós precisamos garantir a valorização do magistério, pagar salários dignos, garantir promoção de carreira, formação continuada de professores, redução do número de alunos em sala de aula. Nós vamos estabelecer um número máximo de alunos por sala de aula. Isso quer dizer qualidade na educação e do ponto de vista educacional nós vamos abandonar toda a idéia de que educação se faz com marketing político, explicou.
Na saúde, Valente afirmou que a cidade não tem ainda um Plano Municipal de Saúde aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde. De acordo com o candidato, São Paulo é o único município, dos 645 em todo o estado, que não assinou ainda o Pacto pela Saúde.
Ele afirmou ainda que as decisões aprovadas nas conferências municipais de saúde não são implementadas. Nós vamos implementar definitivamente o SUS [Sistema Único de Saúde], previsto na Constituição Federal, que regulamenta a idéia de participação do gerenciamento coletivo, com a sociedade, do sistema de saúde, garantindo universalização de direitos e o atendimento completo, ressaltou.
Dando continuidade publicação da série de entrevistas com os candidatos a prefeito de São Paulo, amanhã (7) será publicada a de Marta Suplicy (PT); na segunda-feira (8), Paulo Maluf (PP); e terça-feira (9), Soninha Francine (PPS).