postado em 10/09/2008 17:10
O diretor de contra-inteligência da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Maurício Fortunato, desmentiu nesta quarta-feira (10/9) o ministro Nelson Jobim (Defesa) durante depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara. Ele disse que os equipamentos comprados pela agência em conjunto com o Exército para a realização de varreduras ambientais não têm capacidade de fazer escutas telefônicas. Fortunato disse que Jobim deve ter sido "mal assessorado" para afirmar que as maletas faziam grampos telefônicos.
"No meu entendimento, tenho o maior respeito pelo ministro Jobim, mas acredito que ele tenha sido mal assessorado tecnicamente", afirmou. Fortunato foi enfático ao afirmar que as maletas de varreduras não podem realizar escutas telefônicas.
"Ele se destina a fazer varredura ambiental, não faz escutas. Estamos ansiosos aguardando o laudo da PF [sobre as maletas]", afirmou.
O diretor da Abin explicou o funcionamento das maletas aos integrantes da CPI. Segundo Fortunato, os equipamentos têm a finalidade de detectar escutas ambientais em locais onde a varredura é necessária.
"A máquina tem que captar no ambiente externo, inicialmente, quais os sinais de rádio freqüência que estão em volta daquele ambiente. A partir daí, levam essa máquina para dentro do ambiente e fazem nova captação de freqüência daquele ambiente. Se houver freqüência diferente do que foi captado, é uma sinalização [de escutas]. A máquina vai perceber o sinal, mas não decodifica", explicou.
Fortunato disse que as maletas podem identificar escutas ambientais no raio de 800 metros a um quilômetro do local onde a varredura se faz necessária. "Ele é captador de rádio freqüência com várias antenas que capta sinais de rádio freqüência. Se tivermos que fazer varredura nesta sala, os técnicos vão a mais ou menos um quilômetro e captam todos os sinais que existem naquele ambiente, tudo o que tiver rádio freqüência." Heráclito No depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, o diretor negou que a Abin tenha investigado o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Em meio às investigações da PF, o senador revelou que supunha estar sendo seguido devido à sua ligação de amizade com o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, preso pela Polícia Federal.
"O senador Heráclito não estava sendo acompanhado por nenhum servidor da Abin. Eu falei lá e afirmo: a Abin não estava acompanhando o senador. Se aconteceu alguma coisa, não eram com servidores da Abin", disse.