postado em 11/09/2008 09:10
"SÓCIO"
O Correio descobriu num cartório de Brasília que o lobista Eduardo Bonifácio Ferreira, acusado pelo Ministério Público Federal de negociar o resultado de licitações no Senado, fez uma procuração ao primeiro-secretário da Casa, Efraim Morais (DEM-PB), transferindo ao parlamentar cotas de capital na empresa Chemonics Brasil Consultoria Empresarial, que mudou o nome para Syngular Consultoria.
GABINETE
Ferreira foi flagrado pela PF entrando no gabinete então ocupado pelo senador Efraim Morais em seis ocasiões, entre junho e julho de 2006. Segundo a polícia, Ferreira usou a própria chave para abrir a porta e ter acesso à sala. Nessa época, havia mais de um ano que ele não trabalhava no Senado, onde ocupou de 2003 a 2005 cargo comissionado na Liderança da Minoria. Em 2003, quem comandava a Liderança do DEM era Efraim. A PF registrou pelo menos oito encontros entre Ferreira e os empresários investigados. Durante a Operação Mão-de-Obra, a PF encontrou um cartão de visita em que o lobista se apresentava como assessor do parlamentar.
JOÃO PESSOA
Em 26 de abril de 2006, quando o Senado realizava licitações para a terceirização de mão-deobra, a Polícia Federal interceptou uma conversa entre José Araújo, dono da Ipanema, vencedora de duas concorrências naquele ano, e seu então gerente comercial, Paulo Duarte. Araújo disse ao subordinado que iria a "João Pessoa", capital do estado que elegeu Efraim, resolver problemas surgidos na concorrência. Nessa e em outras conversas captadas, eles falam em "autoridade maior", alguém que teria poderes para resolver pendências.
PROMESSA
Diálogo entre José Araújo e Paulo Duarte, em 27 de março de 2006, trouxe mais uma informação classificada como importante pela polícia. O dono da Ipanema comentou que o primeiro-secretário da Casa teria dito a alguém que iria "pensar", ao se referir a pendências nas concorrências do Senado. Eles demonstraram preocupação com a eventual saída de Efraim da Primeira-Secretaria, sugerindo que isso poderia ameaçar o esquema. Na época, o parlamentar vivia um momento delicado à frente da CPI dos Bingos, que investigava petistas do alto escalão do governo Lula, incluindo o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho.