postado em 13/09/2008 14:45
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara dos Deputados tomará na próxima quarta-feira (17), s 14h30, o depoimento do ministro da Defesa, Nelson Jobim. Inicialmente marcada para a última quarta-feira (10), a ida de Jobim CPI foi adiada após o ministro ser requisitado para uma viagem com a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Jobim foi convocado, por meio de requerimento, para prestar esclarecimentos e entregar comissão documentos com a relação dos equipamentos adquiridos pela Comissão do Exército para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O ministro chegou a declarar que os equipamentos tinham capacidade de realizar escutas telefônicas, mas a informação foi desmentida pelo diretor afastado da Abin, Paulo Lacerda.
Neste fim de semana, matéria da revista Época sustenta que a Operação Satiagraha, deflagrada pela Polícia Federal para investigar crimes financeiros cometidos por um grupo supostamente comandado pelo banqueiro Daniel Dantas, teria tido também a participação de oficiais da ativa dos serviços secretos das Forças Armadas, subordinados hierarquicamente a Jobim. Em nota, o Exército negou a participação de oficiais na operação.
A CPI se concentra no momento na apuração dos fatos relativos a um suposto grampo atribuído Abin de conversas entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Esta semana Mendes alegou razões institucionais ao recusar convite para depor na CPI. Mas o relator da comissão, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), pretende sugerir ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que promova uma comissão geral (sessão plenária para debate de tema relevante) sobre o uso de grampos no país, o que viabilizaria a presença de Mendes na Casa. "Ele é um constitucionalista, estudioso da matéria, e tem dado sugestões sobre o assunto em diversos fóruns públicos", argumentou Pellegrino.
O parlamentar defende também a convocação de Francisco Ambrósio do Nascimento, ex-agente do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), apontado pela revista Istoé como autor da escuta ilegal que captou a conversa de Mendes e Demóstenes.