Politica

Vereador acusado de chefiar milícia diz que soube de criminosos pela imprensa

;

postado em 16/09/2008 15:35
Acusado de chefiar uma milícia na favela da Chacrinha, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio de Janeiro), o vereador e candidato à reeleição Luiz André Ferreira da Silva (PR), o Deco, disse à CPI das Milícias da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio) que só tomou conhecimento de grupos criminosos paramilitares por meio da imprensa. O candidato a vereador Luiz Monteiro da Silva (PTC), o Doen, também prestou depoimento e negou ter ligação com milícias na área da Praça Seca, no mesmo bairro. O presidente da CPI, deputado Marcelo Freixo (PSOL), avaliou que os dois entraram em contradição e reforçou a acusação. "Os dois depoimentos tiveram imensas contradições. Eles não conseguiram explicar seus bens incompatíveis com o que ganham. Saio convencido de que existe milícia e ela está dividida entre estes dois", afirmou. Investigado por cinco homicídios, Deco disse à CPI que nenhuma milícia controla a área da Chacrinha e que sua atuação na comunidade é apenas na Educação. A deputada Cidinha Campos (PDT) citou outros sete homicídios pelos quais Deco é acusado, e que não teriam virado inquéritos. A parlamentar insinuou que as delegacias da região estariam sendo coniventes com as milícias. Ao responder à pergunta de Cidinha sobre a razão de ainda não ter sido preso, Deco disse que "a Justiça não teve provas para me incriminar". Ao tentar explicar o patrimônio de R$ 173 mil declarado à Justiça Eleitoral --embora tenha sido vereador por 18 meses, com salário líquido de R$ 6,5 mil-- ele citou a nomeação da esposa em seu gabinete, assim como a de três irmãos e a sogra. Deco também sustentou que a venda de gás é "um processo aberto, sem monopólio", mas admitiu que um irmão dele trabalha revendendo gás ilegalmente. "Ele é maior de idade e eu não tenho como proibi-lo de vender", disse. O vereador negou conhecer Doen. O sargento da Polícia Militar, porém, o contradisse e garantiu tê-lo apoiado na campanha de 2004. Segundo Doen, os dois teriam rompido porque Deco não cumpriu as promessas eleitorais. Ele teria saído candidato a vereador "por interesse maior da comunidade". Doen disse que não há traficantes de drogas na região onde atua, mas "não pode provar" que não haja milícias. Tal como Deco, afirmou que "escuta falar" dos grupos paramilitares pela imprensa. Ao explicar o patrimônio de R$ 269.817,41, Doen citou trabalhos como segurança particular e aluguel de quitenetes. O candidato a vereador negou ter participado de reunião onde teria sido elaborado um plano pra matar um delegado e colocar a culpa no vereador Deco.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação