postado em 16/09/2008 18:51
Numa das priores crises da saúde em Pernambuco nos últimos anos, o Sindicato dos Trabalhadores de Saúde e Seguridade Social de Pernambuco (SindSaúde) fez paralisação de advertência hoje. Os ambulatórios dos hospitais da região metropolitana do Recife e hospitais regionais não funcionaram, as emergências atendem unicamente casos extremamente graves e pacientes mantiveram as peregrinações, sem êxito, em busca de atendimento.
O SindSaúde também decidiu entrar em greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira. O movimento é contra a criação da fundação pública de direito privado para gerir a saúde em Pernambuco. A estimativa do sindicato é de que 70% deles aderiram à paralisação.
No Hospital Getúlio Vargas, na capital do Estado, as cirurgias eletivas foram suspensas por tempo indeterminado. As marcações de consultas também foram suspensas por falta de médicos e de servidores. Além disso, médicos residentes das emergências prometeram para amanhã uma passeata e uma paralisação de advertência em defesa do Sistema único de Saúde (SUS) e por melhores condições de trabalho e de ensino no serviço público.
Há ainda a expectativa de um acordo entre o Sindicato dos Médicos (Simepe) e o governo estadual em torno de uma proposta que se aproximaria da reivindicação dos profissionais - que querem isonomia salarial com os neurocirurgiões, que passaram a receber R$ 5 mil ano passado. A proposta seria apreciada ainda hoje em assembléia. Embora cerca de 500 médicos tenham pedido exoneração, elas não foram homologadas pelo governo estadual.
Outro lado
Em nota divulgada hoje, o secretário de Saúde, João Lyra, disse ter tirado as dúvidas de servidores e entidades sindicais, afirmando que a saúde não será privatizada, que a admissão será por concurso e que nenhum servidor terá seu regime de trabalho alterado de estatutário para celetista.
Segundo ele, a fundação pública terá a função de gerenciar os hospitais, com visão de rede, e garantir o cumprimento de carga horária e metas por todos os servidores por meio de um sistema de controle de freqüência e produtividade. "Nossos três princípios básicos são: respeitar os servidores, a legislação do SUS e, principalmente, o usuário", disse.
A crise na saúde em Pernambuco teve início faz quatro meses. Há duas semanas, foi montado na sede do II Comando da Aeronáutica (II Comar), no Recife, um hospital de campanha das Forças Armadas para atender casos simples, a fim de ajudar a desafogar as emergências dos pronto-socorros da capital pernambucana. Até ontem, 3,7 mil atendimentos haviam sido realizados.