Politica

Jobim diz ter sido informado sobre capacidade de grampos de maletas

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postado em 17/09/2008 16:23
O ministro Nelson Jobim (Defesa) reiterou nesta quarta-feira (17/09) em depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara que recebeu a informação de que as maletas compradas pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) em conjunto com o Exército para a execução de varreduras ambientais têm capacidade para realizar grampos telefônicos. Jobim disse, porém, que as Forças Armadas não têm aparelhos com capacidade para realizar escutas --uma vez que as maletas foram compradas exclusivamente para a Abin. "Eram três instrumentos [de varreduras], um deles feito junto à comissão de compras do Exército em Washington. Havia informações de que esses instrumentos tinham condições de fazer interceptação. Depois vieram notícias da participação da Abin no caso. O Exército não comprou para si, mas a pedido do GSI esses instrumentos. A informação que eu tinha é que isto viabilizava interceptação", disse Jobim. O ministro reiterou que foi informado pelo próprio Exército de que as maletas têm capacidade de realizar escutas, mas ressaltou que o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Jorge Felix, ficou de posse do material para checar se realmente tem condições de fazer grampos. Felix negou publicamente que as maletas tenham condições de executar grampos, o que acabou deixando os dois ministros com versões distintas sobre os equipamentos. Jobim disse que a Abin não tem competência para realizar escutas telefônicas, como proibido pela Constituição Federal. "Durante reunião com o presidente Lula, eu disse que não competia à Abin esse tipo de participação. A função da Abin não está distante dos processos criminais, mas as investigações de crime comum são competência da Polícia Federal, Ministério Público e Justiça. Não haveria justificativa para a participação da Abin nesse tipo de atividade." Depoimento O depoimento de Jobim à CPI das Escutas Clandestinas estava marcado para a semana passada, mas o ministro adiou sua ida à comissão com o argumento de que precisava acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem a Coari (AM). Jobim, porém, acabou não participando da viagem devido a uma crise alérgica. Nos bastidores, parlamentares avaliam que a estratégia do Palácio do Planalto foi tirar o ministro do foco da CPI em meio à dupla versão sobre as maletas apresentadas por Jobim e pelo ministro-chefe do GSI.

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