postado em 17/09/2008 16:41
O final da primeira parte da comissão mista de fiscalização da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) teve as atenções desviadas por uma manifestação de um deputado contra a Polícia Federal.
O recém-empossado deputado José Edmar (PR-DF), suplente do deputado Augusto Carvalho (PPS-DF), apareceu na sala da comissão com chumaços de algodão no nariz para fazer um protesto contra a atual direção da PF.
Sem imaginar do que se tratava, o presidente da comissão, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), deu a palavra a Edmar, que não poupou desaforos ao diretor Luiz Fernando Corrêa.
José Edmar classificou Corrêa de trapalhão e torturador, se referindo ao período em que foi preso em 2003, acusado de grilagem de terras. Na época, ele era deputado distrital pelo PMDB e foi pego pela Operação Grilo da Polícia Federal.
O parlamentar afirmou que até hoje a acusação de grilagem não se transformou em processo e que ele está sendo vítima de crime de injúria. "A entrada do senhor Corrêa na PF provocou um mal cheiro semelhante ao da cela em que estive injustamente. A bagunça lá [superintendência da Polícia Federal em Brasília] é grande. Saia logo diretor, chega de suas lambanças", acusou Edmar. Em resposta, Corrêa preferiu o silêncio. "O caso está sob judice", disse.
Sem alternativa, o senador Heráclito ironizou o episódio. "Quando vi o deputado com o algodão no nariz, pensei que fosse pela secura de Brasília. Ele [Corrêa] tinha a prerrogativa de pedir a suspensão da sessão, mas preferiu o silêncio." A Comissão Mista de Controle de Atividade de Inteligência do Congresso suspendeu a reunião com os representantes da Abin e da Polícia Federal e retoma a sessão a partir das 17h para ouvir o agente aposentado do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações) Francisco Ambrósio do Nascimento.
Apontado como um dos responsáveis pelos grampos ilegais, Ambrósio não é obrigado a assinar termo de compromisso nem dizer a verdade, já que a comissão mista não tem poderes de CPI.