Politica

Jobim admite à CPI que sargento indicou aposentado do SNI para Protógenes

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postado em 17/09/2008 18:36
O ministro Nelson Jobim (Defesa) descartou nesta quarta-feira a participação de militares na Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Em depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, o ministro admitiu, porém, que o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo pode ter indicado o agente aposentado do SNI (Serviço Nacional de Informações), Francisco Ambrósio, para colaborar com os trabalhos do delegado Protógenes Queiroz na operação. Jobim afirmou que a sindicância aberta pela Aeronáutica para apurar a suposta participação dos militares na Satiagraha vai revelar o real envolvimento do sargento. "A informação que dispõe a Aeronáutica é se o envolvimento desse Idalberto teria sido na indicação ao delegado Protógenes do Ambrósio. Isso tudo vai ser objeto dessa sindicância", disse o ministro. Jobim confirmou que o sargento pertence aos quadros do Centro de Inteligência da Aeronáutica. O ministro disse que qualquer ligação de Idalberto com o delegado Protógenes na Operação Satiagraha, se ocorreu, foi por conta do próprio militar, sem autorização da Força Aérea Brasileira. "A coisa teria sido feita por ele, claro. Esse é o objeto da sindicância: verificar quais as conseqüências administrativas e penais." A Aeronáutica anunciou ontem que abriu sindicância para apurar a informação de que o major Paulo Ribeiro Branco Junior e o sargento Idalberto Matias de Araújo, ambos da ativa, atuaram na Satiagraha. Reportagem da revista Época afirma que Branco tornou-se amigo de Protógenes há dois anos, quando assistiram a um curso de Inteligência Estratégica na Escola Superior de Guerra. O major teria levado Idalberto para reunião com o delegado, que por sua vez teria indicado Ambrósio. Segundo a revista, Idalberto foi uma espécie de "braço direito" de Protógenes durante a operação. O Ministério da Defesa nega, no entanto, o envolvimento direto nos militares nas investigações da PF, mas admite que Idalberto pode ter indicado Ambrósio para Protógenes. Grampos No depoimento à CPI, Jobim apresentou números das escutas telefônicas realizadas pelas Forças Armadas em inquéritos policiais militares. Segundo o ministro, há divergência de dados uma vez que parte dos grampos telefônicos foram solicitados pelas Forças Armadas, enquanto outra parte pelo Ministério Público Militar (MPM), sem o conhecimento do Ministério da Defesa. "O que se passa é o seguinte: como são ações que não estão sob minha anuência, as informações que obtemos são de inquéritos procedidos pelas Forças, mas temos informações que estão fora da gerência e de nossa competência. Quando me foi solicitado em maio obtive informações de janeiro a abril de 2008. Agora sabendo que me seria questionado pedi novamente e me foi repassado. O que pode ocorrer é pedidos na Justiça Militar que não temos como saber", disse.

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