postado em 18/09/2008 18:41
Decidida no segundo turno por uma diferença de apenas 1.761 votos em 2004, as eleições em Santos, na Baixada Santista (SP), mostram um cenário bem diferente quatro anos depois: o candidato à reeleição João Paulo Tavares Papa (PMDB) lidera as pesquisas e sinaliza que poderá derrotar o PT, dessa vez com Maria Lúcia Prandi, já no primeiro turno. O cientista político Fernando Chagas afirma que essa é a primeira vez desde a redemocratização que Santos não está dividida. "Metade da cidade normalmente votava no PT e a outra metade ora no PP, ora no PMDB", disse.
Chagas destacou que a divisão seguia o parâmetro territorial-renda, com as classes mais baixas moradoras dos morros e da zona noroeste sendo pró-PT, e a elite e classe média da área leste adotando a postura antipetista. De acordo com a última pesquisa Ibope/TV Tribuna (afiliada da Rede Globo), divulgada em 30 de agosto, Papa apareceu com 67% da preferência do eleitorado santista, e Maria Lúcia com 14%.
Com 3% de margem de erro, a pesquisa ouviu 805 entrevistados entre 26 e 28 de agosto e foi registrada na 118ª Zona Eleitoral sob o protocolo 3867/2008. A ex-petista Mariângela Duarte, agora no PSB, apareceu em terceiro lugar, com 10% da intenção dos votos. Os outros dois candidatos, Eneida (PSOL) e Natan Kogos (PRTB), estavam empatados com 1% dos votos. Na ocasião, 10% dos entrevistados afirmaram que votariam em branco ou nulo e 4% não souberam responder
Para Chagas, é praticamente impossível haver um segundo turno em Santos e o atual prefeito pode vencer com até 80% do eleitorado. "A administração dele tem uma aprovação em torno de 60% e é muito difícil com essa avaliação um prefeito não ser reeleito", afirma. Segundo ele, a imagem do prefeito está muito ligada à administração municipal. "A imagem do prefeito Papa é muito boa, é de um prefeito honesto, competente e de bom gestor público", disse o cientista, completando que a campanha foi beneficiada ainda pela divisão na oposição
"A Maria Lúcia e a Mariângela estão disputando o mesmo voto, muita gente até se confunde e acha que é a Mariângela que está no PT. Em todos esses anos de redemocratização, essa é a segunda vez que o PT não traz Telma de Souza como candidata e era ela que levava a eleição para o segundo turno", afirmou. Prefeita de Santos de 89 a 92, Telma elegeu seu sucessor David Capistrano na época que a reeleição não era permitida. Nos anos seguintes, foi derrotada três vezes nas eleições municipais, duas vezes por Beto Mansur (PP), e em 2004 por Papa. Este ano, Telma é candidata a vereadora
Estratégia vermelha
Apesar dos números, o PT santista não entrega os pontos e afirma que não sente tamanha preferência pelo adversário nas ruas. "A gente não tem essa sensação, não sente esse cenário, somos muito bem acolhidos pela população e, por isso mesmo, a nossa estratégia é intensificar a campanha de rua nessas duas semanas" argumenta o candidato a vice-prefeito, Daniel Vazquez.
Outra aposta do partido, são os debates na TV. "Por enquanto, estão tendo debates em universidades, mas o prefeito não tem comparecido. Queremos comparar propostas e mostrar que Santos é uma cidade que teve um grande crescimento de recursos orçamentários e a qualidade das políticas públicas não tem melhorado, ao contrário", completou Vazquez. Os prefeituráveis santistas deverão participar de pelo menos três debates na TV nas próximas semanas.
Com a maior coligação política já formada na cidade, a "União por Santos", possibilita ao prefeito Papa 15 minutos da propaganda eleitoral gratuita. Prandi e Mariângela tem cerca de 5 minutos cada e os outros dois candidatos dividem o tempo restante similarmente
O presidente do Conselho Regional do PMDB da Baixada Santista e Vale do Ribeira, Guilherme Cruz Costa, afirma que a coligação que traz o tucano Carlos Teixeira Filho como vice e outros 15 partidos aliados não aconteceu da noite para o dia e é o resultado de uma boa gestão. "O PSDB é parte da base do governo desde o segundo turno de 2004. O PC do B, com seis meses de governo, lançou uma carta pública à cidade reconhecendo que o governo Papa foi positivo. A partir daí, os outros partidos foram reconhecendo a excelente gestão.