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CPI dos Grampos quer ouvir Jorge Felix sobre laudo de maleta

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A CPI das Escutas Clandestinas da Câmara que ouvir na próxima quarta-feira o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Jorge Felix, sobre o laudo divulgado pela Polícia Federal nos equipamentos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) que não teriam capacidade para realizar grampos telefônicos. Como a CPI já aprovou requerimento de convocação do general, o presidente da comissão, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), agendou um novo depoimento de Felix para quarta-feira. O general e o ministro Nelson Jobim (Defesa) divergiram publicamente sobre a capacidade dos equipamentos da Abin realizarem grampos. Enquanto Felix disse que as maletas da agência não podem grampear telefones, Jobim disse que os equipamentos têm capacidade de realizar escutas. O ministro da Defesa chegou a relatar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a possibilidade dos equipamentos realizarem grampos, o que resultou no afastamento de Paulo Lacerda da direção-geral da Abin. Depois, Jobim recuou ao afirmar que apenas recebeu informações de que as maletas poderiam fazer escutas. A CPI também marcou para quarta-feira o depoimento do agente aposentado do SNI (Serviço Nacional de Informação) Francisco Ambrósio, suspeito de ser um dos responsáveis pelos grampos ilegais de conversa entre o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). "Espero que o Ambrósio possa esclarecer que tipo de atuação ele teve na Operação Satiagraha", afirmou Itagiba. O agente aposentado trabalhou nas investigações da Polícia Federal a pedido do delegado Protógenes Queiroz. Em depoimento à Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, Ambrósio disse que foi convidado por Queiroz para colaborar na triagem de e-mails de interesse da investigação --mas que tenha atuado como homem de confiança do delegado. No depoimento, Ambrósio também disse não ter conhecimento para realizar grampos telefônicos contra o presidente do STF ou o senador Demóstenes. "Nego de ter participado de grampo ilegal, não tenho conhecimento técnico pra isso. Não tenho a menor idéia de quem tenha feito", afirmou à comissão. Militares A CPI também pretende ouvir na próxima semana o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, apontado como responsável por indicar Ambrósio para as investigações da Operação Satiagraha. Em depoimento à comissão nesta quarta-feira, Jobim confirmou que o sargento pertence aos quadros do Centro de Inteligência da Aeronáutica. O ministro disse que qualquer ligação de Idalberto com o delegado Protógenes na Operação Satiagraha, se ocorreu, foi por conta do próprio militar, sem autorização da Força Aérea Brasileira. A comissão ainda pretende convocar esta semana o policial militar Jairo Martins, que também teria participado as investigações da Satiagraha ao lado de Idalberto e Ambrósio. Em depoimento sigiloso à Comissão de Inteligência do Congresso, um dos ex-diretores da Abin apontou Idalberto e Martins como envolvidos na escuta contra Mendes e Demóstenes. "São depoimentos importantes porque foram pessoas que podem estar envolvidas com essas questões em discussão", afirmou Itagiba.