postado em 19/09/2008 20:14
Um dia após anunciar que fará nova perícia nas maletas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), disse hoje que vai contratar uma perícia particular para verificar também se os equipamentos da Polícia Federal fizeram escutas telefônicas ilegais. Segundo Itagiba, o novo laudo será feito provavelmente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Com a perícia nas maletas da PF, a CPI dos Grampos pretende descobrir se ocorreram interceptações telefônicas clandestinas. "Vamos verificar se os números dos telefones grampeados pela Polícia Federal são os mesmos que estão nos mandados de segurança permitindo a escuta telefônica", explicou Itagiba, que antes de ser eleito era delegado da Polícia Federal. "Temos de saber se não há mesmo como apagar da memória do equipamento os números grampeados. Só assim vamos saber se houve grampo ilegal" observou.
No caso dos equipamentos da Abin, os integrantes da CPI estão convictos de que o laudo do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, que detectou a existência de cinco aparelhos de escuta ambiental e um equipamento capaz de fazer interceptação telefônica analógica na Abin, descartando a possibilidade de uso dos equipamentos para grampo de telefone celular, não é definitivo. "O laudo da PF é importante, mas persistem as dúvidas. Afinal de contas que tipo de estrutura dispõe a Abin", observou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), um dos integrantes da comissão.
"Foi um laudo desenhado para não nos levar a uma conclusão e manter todas as portas abertas", disse o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que também participa da CPI dos Grampos. Para Itagiba, o laudo da PF foi 'isento', mas ele suspeita que o grampo telefônico que captou a conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) tenha sido feito por "uma estrutura paralela" da Polícia Federal com a Abin
Peritos
Em nota, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), criticou Itagiba. "As declarações do deputado federal Marcelo Itagiba são lamentáveis e colocam em risco a credibilidade dos órgãos periciais oficiais perante a sociedade, assim como o saudável relacionamento entre as instituições públicas. Em investigações de qualquer natureza, a sociedade não precisa de factóides políticos e, sim, da verdade real.