Politica

Oposição evita atacar governo Lula para impedir perda de votos

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postado em 21/09/2008 08:21
As críticas feitas no sábado (20/09) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à oposição, no comício de Marta Suplicy (PT), são reflexos da postura que seus adversários têm tomado nessa eleição municipal. Há duas semanas do primeiro turno, a oposição busca se esquivar de qualquer caminho que faça a popularidade elevada do presidente contaminar a campanha. Três são as estratégias adotadas até agora: alinhamento político ao governo dele, ignorá-lo solenemente ou desvinculá-lo das críticas locais ao PT. Ataques, por enquanto, nem pensar. Principalmente depois da recente pesquisa Datafolha, em que 64% dos entrevistados aprovaram o governo Lula. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), por exemplo, optou pela última alternativa na disputa pela prefeitura de São Paulo. Em sua campanha, o programa do tucano da televisão chega a dizer que ;com o Lula tudo bem, o problema é o PT;. Assim, ele tenta garantir uma vaga no segundo turno contra a petista Marta Suplicy. Enquanto isso, seu maior adversário nessa briga, o atual prefeito Gilberto Kassab (DEM), tem dito que Lula apoiará a prefeitura de São Paulo mesmo que Marta não seja a vencedora. Já o também tucano Beto Richa preferiu ignorar na campanha em Curitiba o governo Lula. Com grandes chances de se reeleger no primeiro turno, ele não faz qualquer menção ao presidente. ;O Lula não está sendo objeto dessa campanha. O Beto não ataca nem o governo estadual, seu adversário;, diz o deputado Gustavo Fruet (PSDB), aliado de Richa na cidade. ;Não é plebiscito para a presidência. A situação do Beto é boa, ele não precisa entrar na linha de tiro;, ressalta Fruet. Nos últimos dias, a candidata do PT, Gleisi Hoffmann, aumentou a inserção de aparições do presidente para tentar reverter o cenário e, enfim, transferir votos à sua chapa. Lula chegou a gravar mensagem exclusivamente para a campanha de Gleisi, mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Mídia gratuita O governo federal comemora a postura da oposição. Uma avaliação interna do Palácio do Planalto indica que não há nenhum candidato em capitais e cidades pólos que ataque a gestão de Lula. Para um ministro de alto escalão, essas eleições poderiam ser um ;risco de desgaste; ao governo, mas acabaram se transformando num espaço de ;mídia gratuita;. Esse saldo já recebe críticas dentro da oposição. O senador Demostenes Torres (DEM-GO), por exemplo, avalia que essa estratégia é danosa a longo prazo. ;Acho isso um absurdo. Principalmente porque, nas grandes cidades, a oposição está surfando na onda do Lula. A oposição está acabando;, diz. Ele admite, aliás, que tem recebido apelos para não criticar o presidente na campanha pelo interior de Goiás. ;Comigo acontece muito. O sujeito vem e fala: ;não fala mal do Lula, por favor;;, afirma. ;O que vejo é que o político mascara seu ponto de vista por causa da popularidade do presidente;, critica o parlamentar.

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