postado em 21/09/2008 15:26
A 14 dias das eleições municipais, o PT vislumbra um cenário favorável no Grande ABC, em São Paulo, berço do partido, com grandes chances de vitória em pelo menos quatro cidades da região. Em Santo André, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já participou de comício, o candidato a prefeito Vanderlei Siraque é líder nas pesquisas. Em São Bernardo do Campo, o candidato Luiz Marinho disputa a liderança com o adversário Orlando Morando (PSDB), com o qual está empatado tecnicamente. O PT de Diadema aparece com o deputado estadual Mario Reali um pouco à frente do concorrente José Augusto da Silva Ramos (PSDB). Em Mauá, os petistas ocupam a dianteira com o ex-prefeito Oswaldo Dias na liderança isolada. O cientista político Nilton César Tristão, sócio-proprietário do Instituto Opinião, afirma que fatores como as gestões atuais e anteriores da legenda na região e a presença de Lula na campanha local cooperam com esse panorama.
Para Tristão, a liderança da sigla em Santo André é mantida desde o último mandato do prefeito Celso Daniel, vítima de um seqüestro em 18 de janeiro de 2002, quando retornava de um jantar em São Paulo, junto com o empresário Sérgio Gomes da Silva, mais conhecido como "Sombra". Após dois dias, o corpo de Daniel foi achado numa estrada em Juquitiba, a 78 km da capital paulista, com sete perfurações de bala. Vitrine da agremiação na época em que era prefeito, ele tinha boa avaliação e parece ter deixado para o atual prefeito, João Avamileno (PT), e Siraque parte da "densidade eleitoral" da qual era dono. Atrás de Siraque, que tinha 33% nas intenções de voto no último Ibope, do dia 31, vem o ex-prefeito Newton da Costa Brandão (PTB), com 15%.
Apesar da situação confortável de Siraque, candidato da Coligação Santo André Ainda Melhor (PT-PC do B-PDT-PSL-PMDB-PV-PSB-PHS-PRTB-PRB), o cientista político acha que a fatura não está liquidada ainda. Tristão lembrou a última eleição, quando, de acordo com ele, a classe média moradora da região do centro expandido da cidade votou em peso em Brandão, apesar de Avamileno ter vencido. "A hora em que a classe média se posicionar politicamente, eu acho que pode trazer surpresas e levar a disputa para o segundo turno, apesar da liderança do PT", afirmou.
Em São Bernardo, onde o prefeito é William Dib (PSB), um opositor do PT, há uma curva ascendente muito favorável a Marinho, que leva junto na campanha o fato de ter sido ministro do Trabalho e Emprego de Lula. No município, segundo Tristão, a tendência aponta para o segundo turno. No último levantamento do Ibope, Marinho, candidato da Coligação São Bernardo de Todos (PT-PRB-PDT-PTB-PSL-PTN-PR-PRTB-PV-PHS-PSC), estava com 27%, em empate técnico com Morando, da Coligação Melhor para São Bernardo (PSDB-PP-PMDB-DEM-PSDC-PMN-PSB), que possuía 26%. "Tudo indica que a disputa em São Bernardo será entre PT e PSDB, com vantagem para Marinho, pois Lula vem consolidar na cidade as forças que o PT possui - ele mora e vota na cidade, tem altíssima aprovação lá e colocou São Bernardo como questão de honra ", diz o cientista.
MAUÁ - Dias, líder em Mauá com 44% das intenções, está numa situação mais confortável que Marinho, pois foi prefeito do município por duas vezes. Além disso, diz Tristão, terminou o segundo mandato com boa avaliação. Na cidade, desenrolou-se uma disputa acirrada na última eleição, que começou nas urnas e chegou à Justiça Eleitoral. Às vésperas da votação, a Justiça Eleitoral cassou a candidatura do petista. O candidato do PT na época, Márcio Chaves, ganhou o pleito, mas não sentou na cadeira de prefeito. Chaves foi denunciado por ter usado cargo de vice-prefeito para se autopromover. A briga arrastou-se por meses até que a Justiça mandou, definitivamente, o segundo lugar na disputa, Leonel Damo (PV), assumir o posto. De lá, ele só sairá em 31 de dezembro. "Não discuto a legitimidade da decisão judicial, mas, do ponto de vista da população, o prefeito seria o que perdeu a eleição", declara o cientista. Para Tristão, o combate entre petistas e verdes na última eleição ainda está na memória do eleitor. Dias, candidato da Coligação PT-PRB, pode disputar o segundo turno ou com o candidato Francisco Carneiro (PSB), mais conhecido como "Chiquinho do Zaíra", ou com Diniz Lopes (PSDB), que estão tecnicamente empatados.
Diadema, que fez o primeiro prefeito operário do País, Gilson Menezes, na época no PT, tem na disputa pelo segundo turno um petista, o deputado Reali, e um ex-petista que virou tucano, José Augusto da Silva Ramos. Enquanto Reali tinha 40% no último levantamento do Ibope, o tucano estava com 35%. Hoje, o PT administra a cidade com o prefeito José de Filippi Júnior.
Nas demais cidades, o partido tem poucas chances de virar o jogo, na análise do sócio-proprietário do Instituto Opinião, apesar de o fator surpresa estar sempre presente no Grande ABC. Em São Caetano do Sul, a liderança isolada é do prefeito José Auricchio Jr. (PTB), candidato à reeleição, que ocupa a liderança isolada, com 72% na última sondagem, seguido pelo advogado Horácio Neto (PSOL), com 5% das intenções. O PT nunca administrou a cidade.
Ribeirão Pires tem o prefeito Clóvis Volpi (PV), candidato à reeleição, na liderança sem concorrência, com 59% dos votos, contra o ex-prefeito Valdírio Prisco (PSDB), que estava com 13%. A cidade já foi dirigida pelo PT, com a ex-prefeita Maria Inês Soares, que não fez o sucessor.
Em Rio Grande da Serra, o prefeito tucano Adler Teixeira, conhecido como "Kiko", ocupava a liderança confortável, com 69%, contra 13% do candidato Carlos Augusto César (PT), o "Cafu". O município também teve uma gestão petista com o ex-prefeito Ramon Velasquez.