O PMDB parece que não é mais o mesmo graças ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O partido não expõe seus conflitos internos como antigamente e vê com bons olhos uma eventual aliança com o PT na eleição de 2010, tanto que dois anos antes discute abertamente a possibilidade de ser vice numa chapa encabeçada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A legenda conta com o resultado da eleição municipal para turbinar a possibilidade da vice. Os peemedebistas esperam eleger o grande número de prefeitos e vereadores, para continuar com o rótulo de ;o maior partido do Brasil;. A iniciativa é vista com tanto otimismo que os entusiastas chegam a declarar que se houvesse uma convenção hoje, dos 27 diretórios nacionais, apenas três votariam contra a chapa: São Paulo, Pernambuco e Piauí, e o Rio Grande do Sul ficaria rachado. O presidente do diretório, senador Pedro Simon, seria contrário e o secretário-geral, deputado Eliseu Padilha, favorável. Há quem diga que, nessa briga, Padilha teria mais votos de convencionais que Simon. Esse pelo menos é o cenário traçado pelo deputado e ex-ministro Eunício Oliveira (CE). Nomes para vice de Dilma não faltam. Em repetidas conversas surgem os ministros da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima; da Defesa, Nelson Jobim; e os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; do Espírito Santo, Paulo Hartung; e do Paraná, Roberto Requião. Jobim foi o preferido de Lula numa eventual chapa para o segundo mandato, mas agora não é mais considerado o nome favorito. Por fora A cúpula do PMDB, depois de conversas com o presidente, diz que Lula gostaria que Sérgio Cabral fosse o indicado. Geddel é um homem de votos na Bahia, mas corre por fora, assim como Hartung. Bem atrás, comenta-se das possibilidades de Requião. O ano que vem será crucial para a abertura do entendimento do PT com o PMDB. Dois movimentos importantes acontecerão: a validação do acordo entre os dois partidos para a eleição da Presidência da Câmara e a substituição do deputado Michel Temer (SP) na presidência da legenda, caso ele seja confirmado como sucessor de Arlindo Chinaglia (PT-SP) na cúpula da Câmara. Se tudo ocorrer como foi definido no script de fevereiro de 2007, quando Chinaglia foi eleito com amplo apoio dos peemedebistas, o PT retribuirá a gentileza a Temer. Como parte do acordo, o peemedebista deixará vaga a presidência do partido para Eunício, antigo aliado de Lula. Com o deputado cearense, tudo fica mais fácil para criar o entendimento. Há um compromisso de Temer convocar eleições internas do PMDB em até 90 dias depois do pleito na Câmara, marcado para fevereiro do ano que vem. Eunício Oliveira espera contar com apoio do líder Henrique Eduardo Alves (RN) para a empreitada. Racha Tudo isso é o cenário ideal e, em se tratando de PMDB, toda cautela é pouca. Mesmo nos momentos que o partido tentou demonstrar união, como quando indicou a deputada Rita Camata (ES) para vice de José Serra (PSDB) em 2002, houve racha. Naquele ano, diretórios como Paraná e Santa Catarina desobedeceram orientação nacional e fecharam com Lula. A ala lulista dentro do PMDB na eleição era comandada pelo senador José Sarney (AP). Também nesse horizonte surge outro componente de instabilidade, a pressão de aliados históricos do PT , como PCdoB e PSB em ter um vice. O deputado Ciro Gomes (CE) cogita a possibilidade do acordo. O principal ativo que Ciro traria à eventual campanha de Dilma Rousseff seriam votos. Excluindo José Serra, o deputado do PSB é o nome mais lembrado em pesquisas de intenção de votos para a sucessão de Lula em 2010. Como ainda não está claro se Dilma é a escolhida de Lula, todo o cenário está aberto, mas os partidos correm para ensaiar acordos e não ficar de fora da aba do presidente que bate recordes de popularidade.
ANÁLISE DA NOTÍCIA Entre tapas e beijos Em 2002, o PMDB aliou-se ao PSDB e indicou a deputada Rita Camata (ES) para ser vice de José Serra na busca pela Presidência da República. O publicitário Nizan Guanaes batizou a chapa de ;a bela e a fera;. No processo de escolha, o senador Pedro Simon (RS) foi deixado de lado porque não era preferido nem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nem de Nizan. O racha foi inevitável. A insatisfação que era contida se generalizou. O então líder do PMDB Renan Calheiros disse que a escolha de Rita Camata ;foi a pior decisão possível;. Os descontentes com a fritura do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), que também desejava a vice, engrossaram o caldo das críticas. Diversos diretórios estaduais abandonaram Serra e se aproximaram do petista Luiz Inácio Lula da Silva. O racha no partido durou todo o primeiro mandato do presidente Lula. De um lado, o grupo de governistas comandados por Renan e José Sarney, do outro os peemedebistas-tucanos liderados pelo presidente da legenda, Michel Temer (SP), e pelo deputado Geddel Vieira Lima (BA). Os problemas acabaram contornados e a união com Lula foi efetivada na virada de 2006 para 2007. Nas questões peemedebistas, toda cautela é pouca. Até em decisões vendidas como consensuais surgem divergências. Nesse caldo, o único ingrediente diferente do de 2002 é o fato de o presidente Lula ter aprovação recorde, desfrutando de posição bem mais confortável do que os últimos anos do governo FHC.
Os cotados Sérgio Cabral O presidente Lula, segundo peemedebistas, tem o governador do Rio de Janeiro entre os preferidos por considerá-lo um jovem político promissor Geddel Vieira Lima O ministro da Integração Nacional aproximou-se do PT durante a campanha vitoriosa de Jaques Wagner ao governo da Bahia, mas a atual eleição o desgastou Nelson Jobim Em 2006, era o preferido de Lula para ser vice caso a aliança com o PMDB tivesse saído, mas desavenças no episódio dos grampos a arranhou sua imagem Garibaldi Alves Filho O presidente do Senado vê na atual eleição o caminho para manter o mandato de senador. Tem poucas chances de vice porque a maior dificuldade do PT é o Sul e Sudeste Roberto Requião Foi aliado de Lula, mas acabou distancianciado-se do Palácio do Planalto. É tido como presidenciável do PMDB. A vice serviria como um prêmio de consolação, mas não agregaria votos Paulo Hartung O governador do Espírito Santo está no segundo mandato e faz uma administração com amplo apoio de partidos que vão do PT ao PSDB