postado em 22/09/2008 09:56
As últimas pesquisas do instituto Datafolha registraram um fenômeno nas eleições de Porto Alegre. O quadro do primeiro turno praticamente não se alterou, mas os índices das simulações de segundo turno sofreram uma transformação radical e passaram a apontar para a reeleição do prefeito José Fogaça (PMDB). Ele se beneficia da radicalização na disputa entre as deputadas federais Maria do Rosário (PT) e Manuela D;Ávila (PCdoB). Empatadas em segundo lugar, as duas brigam desde o início da campanha por uma vaga na etapa decisiva da eleição.Segundo o Datafolha, no fim de julho, Fogaça tinha 29% das intenções de voto, Maria do Rosário ficava com 20% e Manuela com 18%, no levantamento 09/2008. Dois meses depois, o quadro mudou muito pouco. A pesquisa mais recente, divulgada na quinta-feira e registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com número 73/2008, deu 33% ao prefeito. As duas deputadas empatam com 18%. A margem de erro nos dois levantamentos é de três pontos percentuais.
Enquanto o primeiro turno está indefinido, o segundo já começou na capital gaúcha. E até agora com vantagem para o prefeito. O levantamento feito em 21 e 22 de agosto o mostrava em uma situação de empate técnico contra as duas possíveis adversárias. Ele tinha 44% das indicações, contra 42% de Maria do Rosário. Se tivesse de enfrentar Manuela, o resultado seria um empate exato. Os dois tinham 42%. Um mês depois, tem uma vantagem de 13 pontos percentuais sobre a candidata do PT e de nove em relação à do PCdoB.
Fogaça colhe dois benefícios da polarização entre Maria do Rosário e Manuela na briga pelo segundo lugar. O primeiro é fugir um pouco das críticas. Prefeito em exercício e líder nas pesquisas, ele seria o alvo óbvio dos ataques. Mas como suas principais adversárias disputam a mesma faixa do eleitorado, ele acaba sendo poupado de parte do tiroteio.
Provocações
Manuela, de 27 anos, fez da renovação o mote de sua campanha. Tenta aparecer como alternativa às forças políticas tradicionais da política de Porto Alegre: o PMDB, que está no poder, e o PT, que governou a capital por 16 anos. A estratégia lhe garantiu competitividade e incomodou a candidata do PT. A resposta petista é classificar a comunista como inexperiente. A página oficial da campanha de Maria do Rosário tem uma sessão de charges. Numa delas, Manuela carrega um papel com suas propostas numa mão e um bichinho de pelúcia na outra. ;Tio, neste papelzinho diz por que eu quero ser prefeita;; O interlocutor, de camisa vermelha, questiona: ;Quando crescer?;.
O PT aposta na popularidade do governo Lula para reverter o quadro. No programa eleitoral da última terça-feira, o nome do presidente apareceu 30 vezes em três minutos e meio. Nem a candidata foi tão citada. O slogan é ;Lula é Maria e Maria é Lula;. Apesar disso, o presidente não gravou uma mensagem de apoio à candidata petista, apesar das pressões do partido. Não quer comprar a briga com o PCdoB e o PSB, que apóiam Manuela.
Na falta de Lula, cinco ministros apareceram no programa eleitoral do PT em um só dia, inclusive Dilma Rousseff, da Casa Civil. Todos prometeram abrir as portas de suas pastas para Porto Alegre se Maria do Rosário for eleita.