Politica

Deputada não esclareceu tolerância com as milícias, diz presidente de CPI

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postado em 23/09/2008 20:25
O deputado Marcelo Freixo (P-SOL), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, instalada pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), disse nesta terça-feira (23/09) que a deputada federal Marina Maggessi (PPSRJ) não esclareceu as suspeitas de ter sido tolerante com a atuação das milícias quando trabalhou na Coordenadoria de Inteligência Policial (Cinpol). De acordo com Freixo, a deputada tentou desviar o foco das investigações da CPI, ao afirmar em seu depoimento que se preocupa mais com o suposto envolvimento de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com o tráfico na Rocinha e com as ameaças de morte que estariam sendo feitas as membros da CPI dos Grampos, da Câmara dos Deputados. A deputada Marina Maggessi sabe muito bem jogar as informações com o objetivo de tirar o foco das investigações. Na verdade, ele não conseguiu responder porque, quando era inspetora de polícia e quando ocupou o Cinpol, não houve sequer uma ação de combate atuação das milícias, destacou o deputado, que ouviu o depoimento de Marina CPI na manhã de hoje. A CPI é para apurar milícias. Não sei por que a deputada, que afirma ter as acusações em relação ao tráfico há muito tempo, ainda não fez a denúncia formal a algum órgão de segurança, questionou. Quanto s acusações de ter sido omissa na investigação das milícias, a deputada informou que, enquanto trabalhou no setor de inteligência da Polícia Civil, em 2003, não investigou a atuação desses grupos nas favelas do Rio porque era uma atribuição da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco). Freixo lembrou que Marina chegou a defender a atuação das milícias antes de se eleger deputada. Esse fato já é grave para uma policial. Ela agora alega que as milícias mudaram e que ela não apóia mais, disse o parlamentar. A deputada foi convocada a prestar depoimento depois de ser citada pelo vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho (DEM), investigado como suspeito de chefiar a milícia do bairro Rio das Pedras. Além de Marina, Nadinho também citou o deputado federal Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, como autoridades policiais que tiveram votações expressivas nas áreas dominadas por milícias. Os dois parlamentares federais, na opinião de Nadinho, não teriam realizado ações para combater s milícia. Ao contrário, assinalou, teriam apoiado. A mesma opinião foi dada pelo vereador Cristiano Girão em depoimento CPI. Girão é acusado de liderar a milícia da favela Gardênia Azul. Não é a primeira vez que citam a deputada por suposto envolvimento em um crime. Ela já foi acusada de ter sugerido ao inspetor Hélio Machado da Conceição, o Helinho, que matasse o delegado Alexandre Neto, da Divisão Anti-Seqüestro (DAS). O delegado sofreu um atentado ao sair de sua casa, em Copacabana, no ano passado.A deputada teria sido flagrada em uma conversa telefônica com Helinho, interceptada pela Polícia Federal no dia 21 de outubro do ano passado. Em um dos trechos da conversa, a então deputada dizia ao inspetor que desse "um monte de tiros nos cornos" de Neto. De acordo com investigações da PF, o delegado, que ocupou durante vários anos a Corregedoria da Polícia Civil do Rio de Janeiro, teria elaborado um dossiê sobre supostas atividades ilegais do ex-chefe de Polícia Civil, o deputado estadual cassado Álvaro Lins. O documento produzido por Neto teria servido para desencadear a Operação Gladiador, durante a qual a PF prendeu policiais que teriam envolvimento com a exploração de caça-níqueis. Entre os presos estavam o inspetor Helinho. A deputada, na época, negou ter sugerido a morte do delegado. Ela admitiu ser dela a voz da gravação e alegou se tratar de uma conversa íntima entre amigos de muito tempo.

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