postado em 29/09/2008 20:38
A Comissão de Ética Pública do governo federal pode arquivar o processo contra o chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, acusado de repassar informações privilegiadas da Operação Satiagraha ao advogado e ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
A comissão ainda não decidiu o destino do processo contra Carvalho mas o relator, Roberto Caldas, recomendou nesta segunda-feira que a comissão arquive o caso.
Embora oficialmente os integrantes da comissão mantenham o silêncio sobre o processo, Caldas aproveitou a reunião para defender o arquivamento. O presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, disse que o caso é sigiloso --por isso o relator mantém em segredo detalhes da investigação. A comissão vai retomar o caso dia 29 de outubro, quando volta a se reunir no Palácio do Planalto.
No início do processo, Caldas afirmou que ia analisar todo o material reunido sobre a Operação Satiagraha --principalmente matérias jornalísticas. O relator disse, no início do processo, que a comissão vai abrir procedimento ético contra Carvalho somente se entender que suas explicações não foram suficientes. Acusações Carvalho é acusado de vazar informações da Operação Satiagraha a Greenhalgh. Em nota oficial, o chefe-de-gabinete de Lula admitiu que conversou com o ex-deputado e lhe informou que o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência não investigava o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Greenhalgh telefonou para Carvalho em busca de informações sobre o seu cliente Humberto Braz, investigado na Satiagraha e braço-direito de Dantas.
Em nota, Carvalho negou ter pedido informações à PF e ao Ministério da Justiça sobre as investigações. O chefe-de-gabinete confirmou que Greenhalgh lhe pediu que obtivesse "mais informações" por meio da PF de dados sobre o inquérito da Satiagraha.
Em depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, o ex-diretor geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, confirmou que Carvalho procurou o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) para pedir informações sobre a Operação Satiagraha.
Apesar de ter negado qualquer contato com Carvalho, Lacerda disse que o chefe-de-gabinete procurou o secretário-executivo do GSI, João Roberto de Oliveira, para obter informações sobre a operação.
Posteriormente, segundo Lacerda, Oliveira contatou a Abin para conseguir dados sobre a Satiagraha.