Politica

Eleitores cobram segurança em Corumbá de Goiás

Em Corumbá de Goiás, moradores reclamam da falta de policiamento e temem assaltos nas áreas rural e urbana. O delegado responsável pelo município está lotado em Anápolis, a mais de 40km

postado em 02/10/2008 12:01

A batalha entre mouros e cristãos na Festa das Cavalhadas, em Corumbá de Goiás, exige muito ensaio e disposição dos 24 cavaleiros que atuam no conflito. Nenhum dos lados dispensa o uso de lanças, garrucha e espada durante o combate. Tudo encenação, claro, uma vez que a derrota dos árabes é confirmada pela tradição histórica. Mas, se no campo de batalha a segurança dos atores está garantida, na pequena cidade goiana, distante 115km de Brasília, os moradores não se sentem tão protegidos como gostariam.

Um dos críticos é Alfredo Augusto Fleury Brandão, rei dos mouros há quase 30 anos. É ele quem, durante a encenação das Cavalhadas, propõe ao rei dos cristãos uma batalha para resolver o impasse religioso. A festa ocorre no início de setembro num campo de futebol a poucos metros da cidade histórica. ;Delegado fixo não tem, vem de Anápolis, só de visita;, reclama Brandão em relação à segurança da cidade, que há alguns dias teve uma de suas fazendas assaltadas. Ele afirma que o número de assaltos tem aumentado nos últimos anos.

A comerciante Dalva Maria Moura Ferreira, 30 anos, dona de uma lanchonete atrás da igreja de Corumbá, também sente falta de maior vigilância na cidade. Ela afirma se sentir insegura em andar à noite na cidade, devido ao baixo número de policiais nas ruas. ;Aqui perto tem um banco e pode acontecer um assalto qualquer dia desses. A gente fica com medo.;

Precariedade
A área da saúde também é bastante criticada pelos moradores. Isso porque não há uma maternidade na cidade goiana de 10 mil habitantes nem atendimento 24 horas. ;A saúde está muito precária. Tem posto de saúde, mas não tem gente para atender. E aqui não nasce bebê. São todos anapolinos, não corumbaenses;, afirma a vendedora. É preciso ir até Anápolis, distante 45km, para receber o atendimento adequado. ;Por isso falam que aqui só tem idoso;, completa Brandão.

Brandão, de 61 anos, é o segundo mais velho entre os cavaleiros. Ele treina durante 10 dias antes de abrir ao público o espetáculo que se desenrola por outros três. O morador admite o cansaço dos treinos e da batalha: ;Com o sol é muito difícil, tanto para nós quanto para o cavalo. É muito veludo;, afirma o morador, em referência ao vestuário do cavaleiro. Mas nem por isso ele planeja a aposentadoria. A família tem um longo histórico no grupo dos mouros: o pai de Alfredo foi embaixador dos árabes e um tio já tinha ocupado o título de monarca. A família Brandão tem três representantes entre os cristãos.

Cada um dos 12 mouros veste uma capa de veludo vermelha, mesma cor da calça e blusa que completam o figurino. O símbolo da estrela e da meia-lua identificam aqueles que vieram do Oriente. ;No campo os cristãos sempre ganham, mas nas argolinhas os mouros são campeões;, afirma o veterano sobre os jogos que se seguem às festividades. Se na arena a tradição determina a vitória dos cristãos, nas brincadeiras o placar é incerto, assim como o resultado nas urnas.

Três candidatos disputam a prefeitura de Corumbá, que tem 7,2 mil eleitores. O Correio perguntou quais as propostas para a área de segurança para Emílio Jacinto (PV), Waldenir Côca (DEM) e Marcos Antônio Leal (PR). Leal, entretanto, não atendeu as ligações da reportagem.


O eleitor pergunta


Alfredo Augusto Fleury Brandão, 61 anos

Quais as propostas do senhor para melhorar a segurança em Corumbá de Goiás?

Emílio Jacinto(PV)

Nós vamos dar apoio às polícias Militar e Civil, mesmo sabendo que a segurança é uma atribuição do estado. Na zona rural vamos dar apoio à patrulha rural, para diminuir o número de assaltos. Aqui só tem uma patrulha rural. Não temos um delegado para lavrar as ocorrências, vamos brigar para ter um delegado aqui. Hoje ele não fica constantemente no município, porque atende outras cidades.

Waldenir Côca (DEM)
Nós temos que dar total apoio aos policiais. Quero implantar telefones públicos próximos às fazendas para ter um contato imediato com os fazendeiros, uma espécie de central de atendimento especial para a zona rural. Pretendo também fazer uma patrulha rural mais intensa, para evitar os assaltos na região.

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