Politica

Eleitores de São Caetano do Sul não se iludem com ações populistas

;

postado em 03/10/2008 19:57
São Caetano do Sul, no ABC paulista, tem o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país (0,919). É uma cidade pequena (15 quilômetros quadrados), onde a maioria dos 145 mil habitantes vive numa condição privilegiada. Para cativá-los, os candidatos sentem-se na obrigação de apresentar projetos consistentes e condizentes com a realidade local. Esse é o diagnóstico dos responsáveis pelas campanhas dos três aspirantes a prefeito. ;O nível de exigência da população de São Caetano é alto. Em decorrência disso, ela cobra não só propostas, mas um plano de governo que signifique um compromisso do candidato com a sociedade;, diz Silvio Minciotti, um dos coordenadores da campanha do atual prefeito José Auricchio Júnior (PTB), que tenta se reeleger. ;A maior parte dos eleitores não se deixa levar por ações populistas. Não que essas não venham a ter influência em alguns segmentos, mas, do ponto de vista da maioria, esse impacto é menor;, completa Minciotti. Já para o coordenador geral da campanha do candidato Horácio Neto (PSOL), Fernando Turco, a ênfase dos candidatos na melhoria da qualidade de vida reflete a preocupação do eleitorado com o tema. Embora reconheça que a população de São Caetano tem do que se orgulhar, ele relativiza o significado do índice calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) a partir de dados colhidos em 2000. ;Independente do alto IDH, São Caetano tem todos os problemas que qualquer outra cidade tem;, afirma. Os problemas aos quais Neto se refere são citados, com mais ou menos ênfase, também nas campanhas dos outros dois candidatos: a falta de um programa habitacional voltado para os cidadãos mais pobres; um grande número de idosos que precisam da ajuda da prefeitura para sobreviver e a ;verticalização desenfreada; resultante da falta de planejamento. ;São Caetano tinha uma certa aura de ser uma cidade rica, com alto IDH, e onde não havia necessitados. Olhamos isso mais profundamente e vimos que não é verdade;, justifica Minciotti. ;Evidente que a cidade é diferenciada se comparada a outros municípios brasileiros;, diz Hugo Piagi Filho, responsável pelo programa de governo do candidato petista Jayme Tortorello. ;Por outro lado, ao mesmo tempo em que há um grupo de pessoas que vive esse IDH, há outras que vivem bem aquém. Não há favelas na cidade, mas há mais de 180 cortiços que, a meu ver, são piores que as favelas. Muitos prédios estão sendo construídos, mas nenhum para as muitas pessoas que pagam aluguel. Outro problema é o trânsito, que vai ficar caótico caso não planejemos um bom sistema de tráfego. Tudo isso afeta também a classe média;. Perguntados até que ponto a ênfase em propostas sociais seria capaz de amealhar votos em uma cidade em que, segundo o IBGE, mais de 58% da população faz parte das classes A e B, 32% da classe C e apenas 9,5% da classe D, os três coordenadores responderam que a sociedade vem acolhendo bem os planos de governo apresentados. Talvez porque, apesar da renda per capita ultrapassar os US$ 16,5 mil, muitos moradores de São Caetano ainda recorram a serviços públicos oferecidos pela prefeitura. De acordo com Minciotti, pesquisas realizadas pela atual gestão revelaram que, nos últimos seis meses, cerca de 70% da população utilizou ou mora com alguém que tenha recorrido ao serviço municipal de saúde. ;Muita gente tem condições de contratar serviços particulares, mas a exigência em torno da saúde continua crítica. O mesmo ocorre com a educação. A cidade conta com bons equipamentos em ambos setores, mas o pessoal das cidades vizinhas usa muito os nossos serviços, sobrecarregando-os. Então, se bobearmos, o nível do atendimento pode se defasar;, completa Minciotti. A Prefeitura confirma a existência de cortiços, embora não confirme o número, e diz estar tomando providências.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação