postado em 04/10/2008 17:18
O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse hoje (04), em São Bernardo do Campo, que as empresas Aracruz e Sadia estavam especulando e por isso tiveram perdas com a valorização do dólar no mercado financeiro brasileiro. Lula negou a adoção de um pacote de medidas para fazer frente crise financeira internacional. Os efeitos serão combatidos com medidas pontuais, quando necessárias.
Essas empresas, no fundo, no fundo, estavam especulando contra a moeda brasileira. Portanto, elas não tiveram prejuízo. Elas praticaram, por conta própria, por ganância, esse prejuízo. Portanto, não coloque isso na crise não. Isso é problema delas, que tentaram especular de forma pouco recomendada, afirmou o presidente.
As duas empresas apostaram na cotação baixa do dólar e realizaram contratos futuros na expectativa da não valorização da moeda norte-americana. Se o dólar caísse abaixo do que foi contratado, as empresas obteriam lucro. A manobra é conhecida como hedge. Mas com a valorização do dólar diante do real tiveram perdas nas operações , o que motivou a queda de suas ações.
A assessoria de imprensa da Aracruz disse Agência Brasil que não iria responder aos comentários do presidente Lula. A Agência Brasil não conseguiu, até o momento, falar com a assesssoria da Sadia.
O fato da General Motors (GM) ter comunicado ontem (03) ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos de que vai conceder férias coletiva aos seus funcionários entre 20 de outubro e 21 de novembro, não tem relação com a crise financeira internacional, segundo Lula. O que eu sei é que a GM está produzindo como nunca no Brasil e que anunciou novos investimentos no país. Talvez faça parte da estratégia dela para trabalhar no ano que vem a todo vapor, afirmou.
De acordo com o presidente, a crise americana é um tsunami nos Estados Unidos e vai chegar ao Brasil como uma marolinha, não dando nem para esquiar.O presidente comparou o pacote anunciado pelo governo dos Estados Unidos de socorro s instituições financeiras com o Programa de Estímulo Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer), criado no Brasil na década de 90 para reestruturar o sistema financeiro. O governo (americano) teve que cobrir um buraco de US$ 850 bilhões. Só para o povo brasileiro ter uma idéia, é equivalente a R$ 1,7 trilhão. É importante lembrar que no Proer brasileiro foram R$ 24 bilhões. É uma crise muito forte, disse.
Apesar disso, o presidente fez elogios ao pacote anunciado pelos Estados Unidos e o apio do Congresso Americano ao apelo feito presidente Jorge Bush e dos dois candidatos ( presidência dos Estados Unidos, John McCain e Barack Obama), mesmo que leve algum tempo para ser implementado.
Lula negou que o governo brasileiro pensando em adotar um pacote de medidas para conter os efeitos da crise econômica mundial. Não existirá pacote. Nós vamos tomar medidas pontuais para que a gente acompanhe a economia mundial e o seu desenrolar. O povo brasileiro pode ficar tranqüilo, disse. Para o Presidente o Brasil vai ensinar ao mundo como é que se vence uma crise. "Não podemos ficar olhando de papo para ar, chorando e esperando que o Bush resolva a crise. Somos nós que temos que resolver."