postado em 04/10/2008 20:48
O acirramento na disputa pela Prefeitura do Recife chegou às linhas telefônicas. Vários eleitores da cidade relatam o recebimento de ligações com pedidos de voto e com contrapropaganda. O telemarketing é usado pelo candidato João da Costa (PT) e pela oposição para conquistar eleitores. No primeiro caso, o petista usa uma gravação com a própria voz em que se apresenta, diz que dará continuidade às ações da gestão do prefeito João Paulo (PT) e pede a confiança da população. Já a mensagem da oposição é anônima. Lembra que João da Costa está sub judice e sugere que o eleitor poderá "desperdiçar o voto".
"Você sabia que João da Costa é um candidato que responde a vários processos por crimes eleitorais?", questiona o locutor na introdução da mensagem oposicionista. Em seguida, informa que o candidato do PT foi cassado, que pode assumir o mandato de prefeito, mas pode perdê-lo posteriormente. "Em que candidato você vai votar? Você vai votar num candidato assim?", pergunta novamente o locutor. Em nenhum momento, é identificado o autor da gravação.
Os principais adversários de João da Costa negam a autoria da peça. "Posso assegurar que nada tenho a ver com isso", garantiu Raul Henry (PMDB). O tema da cassação do registro de candidatura de João da Costa em primeira instância foi usado em algumas inserções no rádio e na TV do peemedebista. Ele destacou que não veiculou peças anônimas. "Tudo que fazemos é assinado", ressaltou. A assessoria do candidato Mendonça Filho (DEM) também assegurou que não tem responsabilidade sobre o telemarketing contra o petista. Informou que o DEM fará telemarketing na manhã de hoje em áreas estratégicas da cidade. Já a assessoria do candidato Carlos Eduardo Cadoca (PSC) nem comentou o assunto.
A contrapropaganda provocou reação na Frente do Recife, do candidato João da Costa. Foi divulgada uma nota à imprensa que faz uma advertência aos eleitores. "Os adversários de João da Costa estão se utilizando do serviço de telemarketing para espalhar mentiras na cidade. O objetivo de tais telefonemas gravados é criar um clima de dúvida e desinformação para provocar um improvável segundo turno", diz o texto. E completa, informando que a coligação já identificou os responsáveis pelos telefonemas e está tomando as providências jurídicas. O coordenador jurídico da Frente do Recife, Ricardo Soriano, ao ser questionado sobre o assunto, limitou-se a afirmar que as ligações estão sendo investigadas pela Polícia Federal.
O telemarketing passou a ser alvo de análise da comissão de propaganda eleitoral do TRE, que recebeu várias denúncias de pessoas sobre os telefonemas. O juiz da propaganda, Paulo Torres, ainda analisa os casos. Segundo ele, em princípio, não existe proibição de utilização do telemarketing em campanhas políticas. "A legislação não tem uma previsão disso. É uma situação nova. Já surgiu em outras eleições, mas não dessa forma enfática", declarou. Nas eleições de 2006, o então candidato a governador Eduardo Campos (PSB) pediu votos por telefone e o secretário estadual das Cidades, Humberto Costa (PT), que também concorria ao governo, sofreu ataques relacionados à chamada Operação Vampiro. Paulo Torres disse que, inicialmente, irá pedir ao departamento de informática do TRE para ver se é possível rastrear os telefonemas.