postado em 05/10/2008 09:07
A escolha de prefeitos mexe com o dia-a-dia do brasileiro. Saneamento básico, iluminação pública e áreas de lazer são exemplos de ações de responsabilidade das prefeituras, fiscalizadas pelas câmaras de vereadores. Às eleições municipais costuma-se dar o peso de ;primeiro passo; na corrida presidencial que ocorre dois anos depois. Analistas políticos avaliam que a disputa ocorrerá sob forte influência do cenário nacional. Ao longo da campanha, até candidatos de oposição tentaram colar sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, detentor de altos índices de popularidade.
Os especialistas, no entanto, avaliam que os resultados do pleito pouco interferirão no jogo político para 2010 ; exceção feita a São Paulo, onde a disputa tem relação direta com o processo que escolherá o substituto de Lula. O governador paulista, José Serra (PSDB), teria muito a perder, mas as pesquisas indicam que não haverá prejuízos. Do lado governista, os nomes que se apresentam para a disputa presidencial não têm relação direta com as eleições municipais.
O sociólogo Antônio Lavareda, da MCI Consultoria, avalia que o brasileiro vai hoje às urnas de olho em questões locais. ;As eleições municipais são embaladas em forte emoção, muitas costumam contrapor famílias tradicionais;, analisa. ;Há, naturalmente, conseqüências para a política nacional. Os partidos farão uma leitura política desses resultados, mas o voto dele (do eleitor) hoje é desconectado de 2010;, afirmou. Para o especialista, é salutar que assim ocorra porque a antecipação das próximas eleições gerais poderia ;nacionalizar artificialmente a corrida municipal;.
Lavareda avalia que as eleições trarão três marcas: ;economia, parceria e continuidade;, todas decorrentes do ambiente político nacional. Economia, explica ele, por causa da boa fase econômica que atravessa o país. Parceria, porque os candidatos ;vendem; a promessa de se alinhar a governos estaduais e federal em busca de soluções para os problemas das cidades.
Reeleição
O último aspecto abordado por ele é o da continuidade. O especialista estima que dos 20 prefeitos de capitais que disputam a reeleição pelo menos 12 têm chances reais de se consagrarem vencedores na primeira rodada e outros cinco devem estar no próximo turno. Foge à regra Serafim Corrêa (PSB). O atual prefeito de Manaus disputa a segunda vaga para continuar na corrida.
O cientista político Renato Lessa, professor de Teoria Política do Centro de Pesquisas e Ensino de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Iuperj), destaca que a eleição de hoje será ;uma projeção da base de sustentação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva;. Para ele, no entanto, não há qualquer indicativo de que o resultado das urnas agora tenha peso na disputa de 2010. Lessa destaca que é importante acompanhar o desempenho do PMDB, partido que, segundo ele, desequilibrará o jogo em 2010. Resta saber de que lado a legenda estará.