postado em 07/10/2008 10:05
O PT gaúcho mal teve tempo de comemorar a passagem para o segundo turno de sua candidata à Prefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário. O dia seguinte às eleições foi consumido em complicadas negociações para fechar alianças e reforçar a campanha na etapa decisiva. Os petistas já receberam uma má notícia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve se envolver abertamente na campanha da capital do Rio Grande do Sul. Em compensação, terão ajuda do Palácio do Planalto para atrair o apoio formal do PCdoB e PSB, partidos que sustentaram a candidatura da deputada Manuela D'Ávila, terceira colocada no primeiro turno, com 15% dos votos.
No domingo à noite, assim que a apuração passou a indicar que Rosário estava no segundo turno, militantes petistas fizeram uma grande festa em frente ao comitê central da candidata. Era uma mistura de euforia com alívio. Ficar fora da etapa decisiva seria a pior derrota do partido na cidade em 20 anos. Ontem pela manhã, o clima já era novamente de preocupação. O comando petista avalia que será muito difícil vencer. O prefeito José Fogaça (PMDB), candidato à reeleição, obteve mais de 43% dos votos válidos no domingo, quase o dobro que os 22,5% da candidata petista. Para virar o jogo, as alianças são fundamentais.
O clima entre o PT e as seções gaúchas do PCdoB e PSB é ruim. Ontem, Maria do Rosário deu uma indicação do constrangimento. Durante uma caminhada no centro de Porto Alegre, disse querer o apoio da candidata comunista, mas reconheceu que não conseguiu nem falar com ele. ;Estou tentando telefonar. Já liguei diversas vezes;, disse aos jornalistas. E depois, fez o apelo: ;Ô Manuela, atende o telefone aí;.
A verdade é que Manuela não assimilou as críticas que sofreu durante a campanha, quando Rosário explorou sua pouca idade (27 anos) como um sinal de despreparo para o cargo. Internamente, ela condicionou seu apoio a uma autocrítica pública e um pedido de desculpas da candidata do PT. Ontem, Rosário foi mais diplomática. ;Temos uma boa convivência. Não fiz ataques a ela e sim o debate político. Não tenho tempo para futricas.;
Veto
Ciente das dificuldades de negociação local, o PT pediu ajuda a Lula. O presidente defendeu ontem, na reunião do Conselho Político, o apoio dos presidentes nacionais do PCdoB e PSB. Diante da pressão nacional, os dirigentes locais dos partidos esticam ao máximo o prazo para anunciar sua decisão. O calendário do PCdoB vai até o fim da semana. O mesmo no PSB. ;Não temos pressa nem queremos pressão para decidir;, diz o deputado federal Beto Albuquerque (PSB), coordenador da campanha de Manuela. ;E as atitudes do PT influenciarão nossa decisão. Não gostamos nada de ver o veto prévio que Maria do Rosário impôs ao PPS;, completa. Adversário histórico do PT, o PPS integrou-se à campanha de Manuela e até indicou o candidato a vice, Berfran Rosado.
Enquanto os acordos não são fechados, os candidatos fazem acenos aos eleitores adversários. Fogaça prometeu incorporar em seu programa propostas de Manuela e deixou claro que gostaria de ter o apoio dela. ;Temos grande respeito pela forma como ela fez campanha e o resultado que obteve;, disse o candidato a vice, José Fortunati.
Do outro lado, o PT mira até em quem votou no DEM em primeiro turno. ;Onyx Lorenzoni (o candidato do DEM) fez uma campanha crítica em relação ao governo Fogaça;, diz o deputado estadual Adão Villaverde, coordenador da campanha de Rosário. ;Não creio num acordo formal, mas vamos adotar algumas de suas propostas e dialogar com seus eleitores;.