postado em 07/10/2008 12:46
A imagem do governador de São Paulo, José Serra, quem sabe até o mineiro Aécio Neves, e outros ;invasores; tucanos desembarcando na capital fluminense de carona na nau do candidato a prefeito Fernando Gabeira (PV) é a esperança do governador Sérgio Cabral (PMDB) para trazer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a cena no segundo turno das eleições na cidade. No encontro que terão hoje no Rio, Cabral, principal aliado de Lula no estado, dirá ao presidente que não apenas ele não tem razões para guardar mágoas de Eduardo Paes (PMDB), como apoiá-lo é a única alternativa para evitar que se abra na segunda maior cidade do país um flanco oposicionista de olho em 2010.
Gabeira deve receber o apoio do prefeito César Maia (DEM), que fracassou com sua candidata Solange Amaral, mas ainda tem peso político. Pior que isso, conseguirá unir a oposição federal a Lula no estado, já que concorre em coligação com PPS e PSDB, que indicou o deputado estadual Luiz Paulo como vice de sua chapa. A nacionalização da eleição no Rio, como já acontece em São Paulo, acreditam estudiosos, seria o fato novo desse segundo turno entre Gabeira e Paes.
Sérgio Cabral, que passará o dia hoje com Lula entre Rio e Angra, tem outro bom motivo para insistir que Lula absolva Paes ; que durante a CPI dos Correios era o principal algoz do governo Lula, chegando a investigar o filho mais velho do presidente, Fábio Luis Lula da Silva, por supostos negócios irregulares de sua Gamecorp com a Telemar. Cabral não pode se dar ao luxo de perder essa eleição e precisa que Lula abandone a neutralidade e coloque sua popularidade a favor de Paes.
O governador do Rio perdeu a eleição nos principais municípios do Rio, vendo crescer em torno dele um cinturão oposicionista. ;Acredito que o Rio vai viver no segundo turno uma polarização pró e anti-Lula, o que vai jogar o presidente na disputa, queira ele ou não. A despeito de parte da esquerda simpatizar com Gabeira, e de ele fazer um discurso apartidário, agora não tem mais jeito;, avalia a historiadora e cientista política Dulce Chaves Pandolfi, professora da Fundação Getúlio Vargas e diretora do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas).
O curioso na eleição carioca, comparada com a da vizinha São Paulo, é que do lado de lá da fronteira os personagens são bem definidos: Marta Suplicy (PT) é Lula e Gilberto Kassab (DEM), oposição. No Rio, quem parece mais próximo de Lula, o ex-petista Gabeira, do PV, é quem atrai PSDB e DEM. E o ex-tucano Eduardo Paes, que não é identificado com o presidente, o único abrigo para Lula.