postado em 08/10/2008 09:04
O PT melhorou o desempenho em relação às eleições de 2004, mas não conseguiu avançar nos grotões do país tanto quanto esperava. Quem manteve o domínio absoluto nos pequenos municípios, elegendo o maior número de prefeitos, foi o PMDB, seguido a uma boa distância pelo PSDB. As maiores perdas nessa faixa do eleitorado foram sofridas pelo DEM. O PT só consegue igualar o PMDB nas cidades de 50 mil a 100 mil eleitores. E obtém o melhor desempenho entre todos os partidos nos municípios na faixa de 100 mil a 200 mil eleitores. A liderança das grandes metrópoles só poderá ser definida após o segundo turno das eleições.
O PMDB impressiona pelo desempenho homogêneo nas várias faixas de eleitorado, mantendo-se sempre em torno de 20% do total. Conseguiu eleger 21,1% dos prefeitos nos municípios até 5 mil eleitores ; considerando os votos válidos. Um total de 409 prefeitos num universo de 1.940 vagas disputadas. Nas eleições de 2004, havia alcançado 20,8% dessa faixa. Os tucanos elegeram 280 prefeitos nesses pequenos municípios, o que corresponde a 14,3% do total. Assim, o PSDB manteve a segunda colocação. Já o DEM sofreu queda de 13,8% para 9,7% nos chamados grotões, onde elegeu 188 prefeitos. O levantamento foi feito pelo Correio a partir da base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Candidatos
Apesar do reforço do programa Bolsa Família, o PT não conseguiu ocupar o espaço aberto pelo DEM. O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva queria disputar o poder também nos pequenos municípios, mas em grande parte deles não conseguiu sequer lançar candidatos. Os resultados foram melhores do que em 2004. Pulou de 6,6% para 8,3% nas cidades de até 5 mil eleitores, onde elegeu 161 prefeitos. Um exemplo foi a eleição do prefeito de Vila Boa (GO), Valdir de Brito, com 2.036 votos (quase dois terços do município). Ainda assim, nesses micromunicípios, o partido de Lula ficou atrás do PMDB, do PSDB, do DEM, do PP e do PTB. Começou a reagir já nos municípios entre 5 mil e 10 mil eleitores, onde elegeu 133 prefeitos, perdendo apenas para peemedebistas e tucanos.
Nas cidades entre 50 mil e 100 mil eleitores, elegeu 24 dos 144 cargos em disputa, conseguindo se igualar ao PMDB. O desempenho cresceu de 11,2% dessa faixa em 2004 para 16,6% neste ano. O melhor desempenho ocorreu já nos municípios de médio porte, na faixa de 100 mil a 200 mil eleitores. Foram 26 prefeitos eleitos, contra 17 do PMDB. Um crescimento de 20,5% em 2004 para 29,2% neste ano.
Entre os médios partidos, destaca-se o PSB, com crescimento em quase todas as faixas. Nos municípios até 5 mil eleitores, cresceu de 2,7% para 5,4%. Na faixa até 10 mil, um aumento de 2,6% para 6,2%. As maiores perdas foram do PPS, que caiu em todas as faixas. A maior perda aconteceu nas cidades de 100 mil a 200 mil: de 9% em 2004 para 2,2% neste ano.
;Adesão;
Para o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), o crescimento petista nas cidades de pequeno porte mostra que o partido, nascido em São Paulo, tem hoje capilaridade em todo o país. ;Nossos resultados revelam uma adesão grande da população, nos municípios de pequeno, médio e grande portes, às nossas propostas de redução da desigualdade e aumento da distribuição de renda;, diz o deputado. Rands ressalta, no entanto, que a expansão petista nas menores cidades ainda ocorre em ritmo abaixo da média. Cita números para justificar a tese. O PT conquistou 33% mais prefeituras neste ano do que em 2004. Nos municípios com menos de 10 mil eleitores, a taxa teria sido de 26%. Já entre 10 mil e 20 mil, de 59%.
Já o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), diz que a votação tucana nos grotões é explicada pelo fato de a legenda governar, atualmente, seis estados. Entre eles, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. ;Estar na máquina ajuda se há uma boa administração;, concorda Rands. Aníbal não se mostra surpreso com o desempenho do PMDB. Ressalta, por exemplo, que os peemedebistas, além da tal capilaridade, apoiam-se num leque amplo de alianças para vencer as eleições. ;O PMDB é de uma versatilidade enorme e tem uma margem de coligação considerável;, declara o tucano.
Colaborou Daniel Pereira