postado em 08/10/2008 09:06
Rio de Janeiro ; O impensável aconteceu ; mérito do pragmatismo da política e do poder de convencimento do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva almoçou ontem durante uma hora e meia, na Base Aérea de Santa Cruz, vindo de Angra dos Reis, com o candidato do PMDB a prefeito do Rio, Eduardo Paes, e não apenas liberou o PT a apoiá-lo, o que vai acontecer hoje, como admitiu que sua imagem seja usada na campanha contra o opositor Fernando Gabeira (PV).
A única condição imposta por Lula ao seu ex-inimigo público é que Paes consiga aglutinar as forças da base governista, incluindo aí, além do seu PMDB, o PT e o PSB, o PRB do senador Marcelo Crivella e o PCdoB de Jandira Feghali, para fazer frente ao bloco formado do outro lado entre PPS, PSDB e DEM, além do PV. Só o encontro já é um feito para um deputado que, há poucos anos, quando era o tucano subrelator da CPI dos Correios, chamou Lula de ;demagogo, populista e autoritário;, e para o presidente que, magoado, já disse que não apoiaria Paes ;nem no terceiro turno;.
O encontro, onde o cachimbo da paz ; ainda um pouco constrangido ; foi fumado, é a prova de que Lula compreendeu a particularidade da eleição carioca que, como a paulistana, acabou ;nacionalizada;. Lula não quer que uma vitória do petista desgarrado Gabeira abra espaço para uma base oposicionista em terras cariocas ; o prefeito César Maia (DEM) já apoiou Gabeira e próceres tucanos estão animados a desembarcar no Rio. Já Cabral, que saiu enfraquecido das eleições de domingo, não pode se dar ao luxo de perder também na capital.
Aliança
;Eu sou político, faço política, não fico negando. Essa é minha quinta eleição. Do outro lado está quem faz a negação da política;, afirmou Paes, depois do encontro, num direto de direita ; ou de esquerda, sabe-se lá ; no queixo de Gabeira, que tem se anunciado, apesar da aliança de centro-direita, um candidato apartidário, acima dos partidos e que pede voto ;direto à sociedade;.
Na presença de Cabral e de Lula, Paes disse que nem ele, nem o presidente precisavam se redimir do passado que os colocou em campos opostos, já que cada um fazia o seu papel. Eduardo Paes disse que não procurava Lula para pedir apoio, e nem o constrangiria dessa forma, mas para deixar claro que ele era o candidato da base aliada. Lula pediu, então, que ele se juntasse a Alessandro Molon, Jandira Feghali e Marcelo Crivella, respectivamente candidatos derrotados do PT, PCdoB e PRB ; e com um patrimônio eleitoral somado de 1,1 milhão de votos, metade do bispo da Igreja Universal ; para formar uma ;frente progressista pelo Rio;. ;Vou fazer o meu dever de casa;, prometeu Paes que espera, depois disso, quem sabe, até contar com Lula em seu palanque. Pessoas próximas ao presidente dizem que isso será mais difícil. ;O presidente Lula vai apoiar os candidatos que os partidos da base apoiarem;, insistiu Paes, após o encontro. Ele se reúne hoje às 11h com a direção estadual do PT.
Estamos olhando para o futuro do Rio. Não vamos perder tempo com coisas do passado
Eduardo Paes, candidato do PMDB ao governo do Rio de Janeiro sobre sua atuação na CPI dos Correios, quando ajudou a emparedar o governo Lula