postado em 08/10/2008 18:04
O PMDB elegeu nesta quarta-feira, por aclamação, o deputado Michel Temer (PMDB-SP) como candidato do partido à presidência da Câmara. Em reunião marcada por elogios à unidade recém-conquistada da legenda, os peemedebistas afirmaram que vão trabalhar para elegê-lo o novo presidente da Casa --sem as tradicionais divisões internas.
Apesar da aclamação ao parlamentar, a deputada Rita Camata (PMDB-ES) criticou as divisões dentro do partido que excluem a maioria de seus integrantes das decisões de cúpula. "Com todo respeito, não me sinto pior do que nenhum outro companheiro de bancada. A elite que comanda o nosso partido, prorrogando mandatos, chegando com decisões consumadas, nem sempre lembra que teremos que enfrentar 513 deputados eleitores", afirmou.
Temer prometeu trabalhar para manter a unidade do partido, postura que disse ter adotado no período em que ocupou a presidência da legenda. "O PMDB sempre foi o partido da divergência interna. Estou no PMDB desde 1976, eu confesso que nunca vi uma unidade tão absoluta", disse.
O deputado reconheceu, porém, que a postura de Camata mostra a "faceta" da legenda de não construir 100% de unidade interna. "Gostaria de saudar a deputada Rita Camata porque hoje, apesar da unidade que se mostrou, ela revelou essa faceta do PMDB", afirmou.
Apoio
O deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi um dos poucos integrantes da bancada de 96 deputados a não prestar apoio formal à candidatura de Temer. Serraglio e Camata chegaram a cogitar a possibilidade de lançarem suas candidaturas na disputa, mas acabaram recuando diante da pressão da maioria dos deputados peemedebistas em favor de Temer.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), prometeu trabalhar na eleição de Temer --uma vez que os petistas se comprometeram em apoiar o candidato do PMDB depois que o partido apoiou Chinaglia na disputa à presidência da Câmara em 2007.
Chinaglia e os principais líderes peemedebistas participaram da reunião que elegeu Temer como candidato, entre eles o senador José Sarney (PMDB-AP) e quatro dos cinco ministros do partido: José Gomes Temporão (Saúde), Reinholds Stephanes (Agricultura), Edison Lobão (Minas e Energia) e Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).
Sarney disse que a principal qualidade de Temer nos últimos anos foi trabalhar pela unidade do partido, rachado desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva --quando parte dos seus integrantes se mostrou contrário à presença do PMDB na base aliada do governo federal, dividindo as bancadas da Câmara e do Senado.
"A partir de agora, não temos mais deputados ou senadores, temos líderes do PMDB a serviço de uma grande causa. É uma sigla só, junta. Isso foi possível graças ao presidente Michel Temer", disse Sarney.
As eleições para a presidência da Câmara ocorrem a cada dois anos, sempre no dia 1°. de fevereiro --véspera da abertura do ano legislativo. No acordo firmado com o PT no final de 2006, o PMDB também se comprometeu em ceder a presidência do Senado aos petistas se ficasse com o comando da Câmara.
Nos bastidores, porém, um grupo de senadores peemedebistas trabalha para eleger o novo presidente do Senado com a possibilidade do retorno do ministro Hélio Costa (Comunicações) ao Legislativo para entrar na disputa com o senador Tião Viana (PT-AC).