postado em 10/10/2008 09:37
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo, nesta quarta-feira (8/10) à noite, a caciques do PMDB do Senado para que trabalhem pela eleição de um petista à Presidência da Casa. Durante jantar no Palácio da Alvorada, Lula defendeu a ratificação de acordo fechado há dois anos que prevê um peemedebista como sucessor de Arlindo Chinaglia (PT-SP) no comando da Câmara e de um petista em substituição a Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) à frente dos senadores. De acordo com o anfitrião, essa solução trará pelo menos duas vantagens para as legendas e o Palácio do Planalto.
Primeiro, reduzirá o risco de um competidor dito independente ou oposicionista vencer a disputa, como fez o deputado federal Severino Cavalcanti (PP-PE) em 2005. Candidatos a repetir o feito não faltam. Entre eles figuram, só no caso da Câmara, Osmar Serraglio (PMDB-RS), Rita Camata (PMDB-ES) e Ciro Nogueira (PP-PI). O segundo benefício, de acordo com Lula, é o aprofundamento da aliança entre petistas e peemedebistas, as siglas que ele quer ver unidas numa mesma chapa na sucessão presidencial em 2010.
Segundo um dos participantes do jantar, senadores do PMDB mostraram disposição de votar num petista para comandar o Senado. O favorito de Lula para o posto é o vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC), que se desgastou com peemedebistas, sobretudo Renan Calheiros (AL), durante a tramitação dos processos de cassação de mandato do parlamentar alagoano. ;Os líderes não firmaram um compromisso de desistir da presidência. Mas o acordo está para lá de encaminhado;, afirma um ministro.
Além de Renan e Lula, participaram do jantar os senadores José Sarney (AP), Roseana Sarney (MA), Romero Jucá (RR), líder do governo; e Valdir Raupp (RO), líder do PMDB. O grupo teria o direito de escolher o sucessor de Garibaldi, já que cabe à maior bancada, conforme a tradição do Congresso, definir os presidentes da Câmara e do Senado. O problema é que os peemedebistas são maioria nas duas casas, o que desagrada ao presidente, devido à possibilidade de uma única legenda concentrar muito poder. Por isso, Lula costurou o acordo de 2007 e quer reeditá-lo agora.
;Não dá para um mesmo partido eleger os dois presidentes;, afirmou Lula. Os senadores do PMDB tendem a acatar o apelo porque também não têm quadros de expressão interessados em representá-los. Renan, por exemplo, renunciou à cadeira de presidente em dezembro de 2007. Já Jucá e Raupp não querem voltar aos holofotes e a lidar com denúncias de corrupção. Também à mesa, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e o líder da sigla na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), comentaram com Lula que Temer, horas antes, havia sido formalizado candidato à Presidência da Câmara.
O PT já aderiu ao nome. Chinaglia, inclusive, participou do lançamento de Temer. Cabe à dobradinha agora conter Ciro Nogueira, que avança no mesmo baixo clero que elegeu Severino (leia abaixo). ;O crescimento dele é surpreendente;, afirma um ministro, referindo-se ao deputado do PP.
Dilma, a preferida
O ministro da Justiça, Tarso Genro, sinalizou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defenderá a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República em 2010. Tarso afirmou perceber ;uma série de sinais; de que Lula fizera uma escolha a ser proposta ao PT. ;Ela é visível. É a ministra Dilma;, afirmou. Tarso aproveitou para endossar a opção do presidente por Dilma. ;Acho que é uma escolha boa, que tem condições de ser acolhida pelo partido e fazer uma grande campanha.;