postado em 15/10/2008 18:35
A participação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na Operação Satiagraha foi ;ilegal e desnecessária;, na avaliação do diretor da Divisão de Inteligência da Polícia Federal, Daniel Lorenz de Azevedo, que participa nesta quarta-feira (15/10) de audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara dos Deputados. Segundo ele, a presença da Abin não se justifica, pois as atividades da operação receberam todos os recursos necessários da Polícia Federal.
Lorenz reconheceu que, mesmo trabalhando no mesmo prédio em que estava a equipe responsável pela operação, não tinha conhecimento da participação de agentes da Abin nas investigações. ;Para mim, era normal, todo dia que entrava na sala, via alguém diferente, mas, dentro de uma relação de confiança com o delegado Protógenes Queiroz, eu julgava que eram colegas que tinham chegado de outros estados;, explica.
O diretor disse que a Operação Satiagraha falhou em não preservar a privacidade das pessoas presas. ;Existem formas de conduzir as pessoas no carro sem que elas possam ser vistas ou filmadas, e assim você preserva a privacidade dessas pessoas, e isso não foi feito;, disse.
Segundo ele, essa conduta fugiu dos parâmetros previstos no Manual de Gestão Operacional da Polícia Federal. ;Foi a única operação que realmente não se cumpriu o que estava bem delineado nesse manual, e deu no que deu. Essa é a grande frustração, isso nos deixa profundamente chateados, irritados, porque não é assim que nós trabalhamos;, disse.
Ao comentar a utilização de escutas telefônicas, Lorenz afirmou que, apesar de importantes para a investigação policial, as interceptações devem ser utilizadas em complementação a outros tipos de análise. ;Para a polícia, muitas vezes a boa análise de um extrato telefônico é mais significativo que um diálogo;, disse.
Segundo ele, seria leviandade acreditar que hoje em dia o crime organizado não saiba que os telefones utilizados podem estar grampeado.