postado em 16/10/2008 09:37
Em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) conseguiu nesta quarta-feira (15/10) na Justiça o seu segundo direito de resposta contra ataques pessoais feitos em comerciais de tevê de sua adversária, Marta Suplicy (PT). No Rio de Janeiro, fiscais do Tribunal Regional Eleitoral apreenderam 30 mil panfletos contra o candidato do PV, Fernando Gabeira. Eles estavam num carro que transportava propaganda do concorrente, Eduardo Paes (PMDB). Em todo o Brasil, o tom dos discursos subiu na largada do segundo turno, com muito mais espaço para acusações. A temperatura aumentou nos programas eleitorais e nos primeiros debates.
Kassab ganhou direito a usar tempo de campanha do PT para responder a uma inserção publicitária que tinha o mote ;será que ele esconde alguma coisa?;. O juiz eleitoral Cláudio Luiz Bueno de Godoy concluiu que ;a mensagem criava dúvidas sobre a rejeição do concorrente;. Na terça-feira, o prefeito já tinha obtido outro direito de resposta, em relação a um comercial que questionava sua vida privada, perguntando se ele era casado ou tinha filhos. No mesmo dia, teve de responder numa sabatina que não era homossexual.
No Rio, os ataques mais duros não estão nos comportados programas eleitorais, mas nas ruas e na internet. Os dois candidatos já pediram à Justiça eleitoral que investigue panfletos anônimos que estariam sendo distribuídos na cidade contra eles.
Folhetos apócrifos ligam Gabeira ao uso de drogas, dizendo que ele teria a legalização do tráfico como bandeira. O candidato do PV, que já propôs a descriminalização, vem defendendo na campanha o controle da venda de drogas. Outro panfleto anônimo, dirigido a ;todos os viciados;, faz uma rima nefasta: ;Quem fuma, quem cheira, vota Gabeira;.
Vilão
Esta semana, um panfleto distribuído na Zona Sul mostrava Eduardo Paes, pintado como o vilão Duas Caras, inimigo do Batman, ao lado de um Sérgio Cabral mascarado, e a frase ;Diga não a Eduardo Paes;, onde ele é apontado como ;político profissional, demagogo, mentiroso, cria do pemedebismo-lulismo e meio bundão;.
Em Salvador, o bate-boca envolveu personagens ilustres. O senador César Borges (PR) anunciou o apoio de seu partido ao prefeito João Henrique (PMDB), candidato à reeleição. Durante o anúncio, disse que o governador Jaques Wagner (PT) teria oferecido a Secretaria de Agricultura à legenda se ele apoiasse o candidato petista, Walter Pinheiro. Wagner chamou o senador de ;mentiroso; e Borges reagiu acusando o governador de ;destemperado e leviano;. Isso tudo apesar dos pedidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a campanha na capital baiana não rache a base governista.
Em Florianópolis, o candidato do PP, Esperidião Amin, acusou o prefeito Dário Berger (PMDB) de mentir na propaganda eleitoral. Numa inusitada aliança, usou em seu programa imagens veiculadas no primeiro turno pela candidata do PCdoB, Ângela Albino, nas quais ela acusava o prefeito de usar atores no lugar de estudantes da rede municipal de ensino. No sábado, Berger usou em seu programa o depoimento de uma eleitora que dizia ter aderido a ele depois de votar em Nildomar Freire, o Nildão, candidato do PT. Na segunda-feira, o programa de Amin mostrou que a moça vota em outra cidade.
Em Porto Alegre, o tom subiu nos debates. Ontem, o prefeito José Fogaça (PMDB) e a deputada Maria do Rosário (PT) dividiram o estúdio de uma emissora de rádio em Porto Alegre. Para a campanha do prefeito, ;enquanto Fogaça apresentou propostas, Maria do Rosário atacou a cidade, desconsiderando todos os bons projetos;. A leitura dos petistas foi diferente. ;Maria apresenta soluções e Fogaça só se queixa;, anunciou sua página na internet. Durante o programa, Fogaça disse que recebeu a prefeitura atolada em dívidas e teve de promover uma reengenharia financeira. Rosário respondeu que a dívida representava apenas 5% do orçamento municipal e que o prefeito não quis fazer parceria para receber investimentos do governo federal.