Politica

CPI deve pedir indiciamento de Paulo Lacerda por falso testemunho

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postado em 22/10/2008 19:40
A CPI das Escutas Clandestinas da Câmara pode pedir o indiciamento do diretor-geral afastado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, no relatório que será apresentado pela comissão até o final do ano com o resultado das investigações sobre grampos telefônicos no país. O presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba, (PMDB-RJ), defendeu que o relatório sugira o indiciamento de todos os que "faltaram com a verdade" nos depoimentos à comissão. Itagiba argumenta que Lacerda, em seu depoimento à CPI, disse que apenas "duas ou três pessoas" da Abin haviam participado da Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Posteriormente, a comissão descobriu que mais de 20 agentes da agência auxiliaram a PF nas investigações da operação. "Verificamos que a participação da Abin na Operação Satiagraha foi formal. O doutor Lacerda faltou com a verdade, e eu defendo o posicionamento de que todos que vieram aqui e faltaram com a verdade devem ser indiciados por isso [falso testemunho]", afirmou. A Folha Online apurou que Itagiba decidiu adotar uma postura mais ofensiva contra Lacerda para pressionar o relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), a endurecer o tom no relatório final. Como Pellegrino é aliado do Palácio do Planalto, Itagiba teme a elaboração de um texto "morno", o que poderia comprometer as investigações da comissão. A própria oposição se mostrou cautelosa quanto ao pedido de indiciamento de Lacerda por falso testemunho à CPI. "Temos que fazer essa análise lá na frente. Agora, temos que fazer um levantamento dos depoimentos para ver se houve ou não falso testemunho. Eu não conheço ninguém julgado por falso testemunho, mas é importante", afirmou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). Prazo Inicialmente, a comissão encerraria suas atividades no dia 5 de setembro. Com as denúncias de escutas telefônicas realizadas no âmbito da Operação Satiagraha, os trabalhos da comissão ganharam força --o que fez com que os integrantes da CPI solicitassem à Câmara a prorrogação dos trabalhos por mais 120 dias, até o dia 6 de dezembro. Como o Congresso entra em recesso parlamentar no dia 18 de dezembro, a expectativa é que o relatório final da comissão seja apresentado dentro desse prazo. As atividades da CPI acabaram prejudicadas pelos "recessos brancos" decretados no Congresso em conseqüência das eleições municipais, mas a expectativa dos integrantes da CPI é que não haja uma nova prorrogação dos trabalhos até o final do ano. "Acho que temos muito trabalho pela frente. Uma CPI nunca conclui tudo. Temos que organizar nossas atividades", afirmou Fruet.

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