Politica

Após 16 anos, PT se enfraquece em Belo Horizonte

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postado em 26/10/2008 09:09
No balcão de apostas para os próximos quatro anos da prefeitura, uma é dada como certa: o Partido dos Trabalhadores (PT), que há 16 anos administra Belo Horizonte, perderá força. Se for eleito, Márcio Lacerda (PSB), candidato com o apoio do prefeito petista Fernando Pimentel e do governador Aécio Neves (PSDB), terá de rachar secretarias, autarquias e empresas com o PSDB e outros 12 partidos que compuseram a aliança em torno de sua candidatura. Se o eleito for o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB), os quadros da legenda estarão fora da administração, a despeito do apoio dos dissidentes. ;Ao menos matematicamente, os petistas não vão ter o espaço de antes, pois o condomínio será mais plural com a eleição de Lacerda. No caso de vitória de Quintão, seria estranha a permanência do grupo contrário à aliança na prefeitura. São quadros que se reportam a outros líderes;, comenta o professor da UFMG e diretor da Associação Brasileira de Ciência Política, Bruno Reis. Ele aposta que o deputado, que surpreendeu ao obter 41% dos votos no primeiro turno, construiria um governo personalista e tentaria criar uma rede própria de influência na capital. ;Quintão tentaria encontrar nichos políticos em que poderia fincar pé. Os projetos da atual administração poderiam até ser mantidos, desde que rendessem dividendos políticos a ele;, comenta. Já Lacerda, segundo o especialista, assumiria com o PT em frangalhos, dividido pelo apoio ao candidato durante a eleição, o que lhe exigiria muita habilidade para minar resistências e restabelecer a unidade nos diretórios municipal e estadual. Qual seria a postura do socialista, que não tem experiência política, apenas administrativa, é uma incógnita. Aécio O que as urnas de Belo Horizonte revelarem neste domingo (26/10) também será decisivo para as disputas pelos palácios da Liberdade e do Planalto em 2010. O cientista político afirma que uma vitória de Lacerda daria capital político ao governador Aécio Neves, que busca uma plataforma para sustentar no PSDB sua candidatura à presidência, em oposição à do governador paulista, José Serra. ;Se Aécio quer ser presidente, precisa mostrar que tem retaguarda forte na sua base eleitoral, daí a importância de ganhar em BH. Também é necessário um discurso distinto para apresentar. Serra significa a polarização entre PT e PSDB. E Aécio, a aliança;, analisa. O especialista explica que, se em janeiro o empossado for Quintão, o governador terá dificuldades para sustentar sua candidatura pelo PSDB. ;O caminho mais provável seria concorrer a uma vaga ao Senado;, arrisca, acrescentando que Fernando Pimentel sai arranhado seja qual for o cenário. O prefeito tem pretensões ao Palácio da Liberdade, assim como o ministro do Desenvolvimento Social (PT). Obviamente, uma vitória de Lacerda seria melhor para seu futuro político. ;Mas Pimentel sai desgastado, de qualquer forma. O susto do primeiro turno será, certamente, debitado na conta dele;, justifica. Se não fizer seu sucessor, o prefeito perde o trunfo para sustentar seu nome para disputar o Palácio da Liberdade em 2010.

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