Politica

Derrota petista nas capitais pode provocar seqüelas nas eleições de 2010

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postado em 27/10/2008 08:30
O PT foi derrotado nas três capitais em que disputou, com candidato próprio, o segundo turno das eleições municipais contra prefeitos em busca da reeleição. Com 39% do eleitorado, a ex-ministra do Turismo Marta Suplicy (PT) perdeu em São Paulo para Gilberto Kassab (DEM). Apoiada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a deputada Maria do Rosário (PT) obteve 41% dos votos e não conseguiu vencer José Fogaça (PMDB). Frustrou, assim, os planos da legenda de reconquistar o comando da prefeitura de Porto Alegre. Mesmo com a ajuda do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), o deputado Walter Pinheiro (PT) foi abatido por João Henrique (PMDB), candidato do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB). O petista teve 41% dos votos, contra 58% do atual prefeito de Salvador (BA). No resultado geral, o PT teve resultados importantes, como a conquista do ex-ministro do Trabalho Luiz Marinho, em São Bernardo do Campo (SP), e ficou em segundo lugar entre os partidos que mais elegeram prefeitos ontem. As derrotas nas capitais, no entanto, podem provocar seqüelas para o PT nas eleições de 2010. Possível candidata ao governo de São Paulo, Marta Suplicy saiu abatida das eleições. No início da campanha, havia apostas no PT de que ela venceria no primeiro turno e poderia se consagrar para outros vôos nas próximas eleições, por conta da divisão no campo adversário com as candidaturas de Geraldo Alckmin (PSDB) e Kassab. Cacife Depois de anunciada ontem a vitória do democrata com 60% dos votos, Marta perdeu prestígio no PT. Nessa eleição, ela obteve quase 300 mil votos a menos do que em 2004. No segundo turno há quatro anos, ela recebeu 2.740.152 votos. Ontem, a petista conquistou 2.452.527 eleitores. Ela ainda poderá ser lembrada pela propaganda eleitoral com insinuações sobre a sexualidade do adversário. Segundo avaliação do senador petista Aloizio Mercadante, a candidata perdeu porque Kassab está na prefeitura e teve apoio do governador José Serra. Para ele, o destino político de Marta é incerto. ;Sempre tivemos dificuldades em São Paulo e o índice de rejeição à Marta era muito grande;, justificou. Na avaliação do cientista político Paulo Calmon, da Universidade de Brasília (UnB), Marta ainda tem grande cacife eleitoral, podendo se eleger deputada ou senadora, mas terá dificuldades para buscar uma candidatura ao governo de São Paulo em 2010. ;Acredito que ela não irá pleitear uma candidatura ao governo. O PT tem muitos nomes qualificados no estado que poderão ser testados;, acredita Calmon. Superação Em Salvador, o PT perde mais do que o candidato do partido, Walter Pinheiro. A legenda abandonou em abril a gestão do prefeito João Henrique na aposta de que o peemedebista não teria chances na eleição municipal. Derrotado, o PT não faz mais parte da administração de Salvador e terá que segurar o crescimento de Geddel Vieira Lima, mentor da campanha de João Henrique, que sonha em disputar o governo em 2010 contra a reeleição do petista Jaques Wagner. Já Walter Pinheiro perdeu nas urnas, mas se fortalece no PT. O deputado federal não era o preferido do comando partidário, que trabalhou a favor de Nelson Pellegrino. Pinheiro o enfrentou nas prévias e levou a melhor. Sem o apoio do PT nacional e prejudicado pela neutralidade de Lula, o petista arrancou na reta final do primeiro turno, ultrapassou ACM Neto (DEM), e conseguiu passar para o segundo. Internamente, ganhou espaço na militância do PT na Bahia e no comando do partido no estado. Jaques Wagner afirma que os problemas são superáveis. ;Não considero que seja uma derrota para o PT. Não concordo com essa avaliação muito cartesiana de que o partido perdeu tantas prefeituras e ganhou tantas. Estou aberto para conversar com o PMDB;, afirmou o governador. ;Não faço política com o fígado. Não faço política com mágoa;, acrescentou. Em Porto Alegre, o PT perdeu a chance de voltar à prefeitura. A deputada Maria do Rosário perdeu para o peemedebista José Fogaça, um crítico de Lula. O presidente pouco se engajou na campanha da petista. Preferiu a discrição, para não constranger o PMDB.

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