postado em 28/10/2008 08:41
O PT se prepara para contornar os problemas deixados pela eleição municipal e trabalhar para não deixar a aliança com o PMDB enfraquecida em 2010. O partido passará por uma reavaliação de prioridades em São Paulo, Salvador e Porto Alegre, cidades consideradas chaves na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
;Há setores nos dois partidos que não estão contentes com essa aliança. Mas vamos trabalhar para torná-la uma realidade;, afirmou Ricardo Berzoini, presidente da legenda, ontem, durante encontro da Executiva Nacional do PT, em Brasília. ;Mas é natural que o PMDB também busque lançar um candidato, nós vamos tentar buscar até o fim o acordo;, acrescentou.
Berzoini tenta minimizar os problemas gerados com os peemedebistas, apesar de admitir que a aliança de 2010 ainda não é uma realidade. Um símbolo da disputa é o embate pela prefeitura de Salvador, que deixou de um lado o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), e o governador Jaques Wagner (PT). ;É natural os problemas e as discussões no calor da eleição;, disse.
Os problemas entre petistas e aliados refletem o desempenho dos partidos. Enquanto o PMDB cresceu, o PT ficou aquém do esperado. Apesar de ter crescido no número de cidades governadas, os petistas reduziram levemente o número de eleitores em capitais e municípios com mais de 200 mil habitantes que serão administrados a partir do ano que vem.
Em 2004, o PT elegeu prefeitos para governar quase 9 milhões de eleitores, mas esse número caiu em mais de 200 mil votos na eleição deste ano. A direção petista minimiza os números e prefere se focar nos números absolutos: a partir de janeiro do ano que vem o partido de Lula governará 21 municípios de grande porte contra 18 do pleito anterior.
Os dirigentes se apegam no resultado de 559 prefeitos eleitos, crescimento de 36% em relação ao pleito de 2004. Em reunião ontem da Executiva Nacional, os petistas fizeram um balanço do segundo turno e detiveram a maior parte do tempo discutindo o desempenho em São Paulo, Porto Alegre e Salvador.
Na avaliação de Berzoini, Marta Suplicy atingiu o teto da votação do PT em São Paulo, ao ultrapassar levemente os 2,4 milhões de eleitores. Ele argumentou que as alianças políticas em torno de Marta não eram tão fortes como as do prefeito Gilberto Kassab (DEM). Lembrou, por exemplo, que o PMDB, aliado nacional, fechou com o democrata.
Para a estratégia de 2010, as três capitais são vistas como essenciais. Na capital paulista, o partido precisa superar o teto de eleitores, entre os gaúchos reverter o sentimento antipetista que se consolidou com a reeleição de José Fogaça (PMDB), derrotando Maria do Rosário (PT). E, na capital baiana, não deixar Geddel escapar da aliança.
O ponto positivo para os dirigentes do PT é a musculatura fortalecida da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sucessão de 2010. A participação serviu para torná-la uma militante partidária para romper resistências do próprio partido à possibilidade de ela disputar a Presidência da República. ;Do ponto de vista do PT, ela sai fortalecida, porque viajou para participar das campanhas petistas e trabalhou nos horários fora do trabalho;, afirmou o dirigente.