Politica

Arruda espera consolidação da política nacional antes de definir estratégia partidária

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postado em 28/10/2008 09:05
Passadas as eleições municipais, o governador José Roberto Arruda (DEM) tem o mapa da divisão do poder no país que vai respaldar uma avaliação detalhada sobre seu destino político para 2010. Ele tem um ano pela frente ; até outubro de 2009, prazo final para mudanças de partido ; para decidir em que situação disputará o próximo pleito. Essa decisão está atrelada ao quadro nacional de sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente às movimentações dos governadores de Minas, Aécio Neves, e de São Paulo, José Serra, ambos do PSDB. Arruda evita comentar publicamente qualquer possibilidade de transferência partidária. No entanto, no meio político e entre assessores próximos, essa alternativa é considerada real. A primeira leitura do resultado eleitoral nos municípios reforça a permanência do governador do Distrito Federal no DEM. O partido conquistou a prefeitura de São Paulo, com a reeleição de Gilberto Kassab, com quem Arruda tem uma excelente relação, e fortaleceu uma possível aliança da legenda com um candidato tucano à Presidência da República. Não está descartada, no entanto, a filiação de Arruda a um dos partidos da base do governo Lula, como o PMDB. Essa hipótese será fortalecida se o PMDB lançar candidato próprio à Presidência numa chapa encabeçada por Aécio Neves, como se cogita. O governador do Distrito Federal teria de escolher um dos projetos nacionais. Ele nunca escondeu a admiração pela gestão tucana em Minas. A possível filiação ao PMDB é um assunto tratado com discrição por líderes do partido, principalmente porque constrange dois políticos que seriam diretamente afetados: o deputado Tadeu Filippelli, presidente regional da legenda, e o ex-governador Joaquim Roriz. Ambos teriam de participar de uma ampla negociação que oferecesse a Arruda a prerrogativa de escolher em que posição ele disputaria as eleições, sem deixar de contemplar interesses dos dois peemedebistas mais ilustres no Distrito Federal. ;O governador só aceitaria ir para o PMDB se pudesse compor o diretório regional;, afirma uma pessoa próxima a Arruda. Com a instância de decisões sob sua liderança, o governador do DF conseguiria, inclusive, neutralizar qualquer candidatura incômoda do PMDB ao Executivo local ou a aliança da legenda com o PT. Em 2005, o então pré-candidato ao governo pelo DEM chegou a cogitar um convite para ingressar no PMDB, mas analisou que poderia ficar refém dos interesses de Roriz por falta de tempo para costurar um acordo que garantisse seus planos políticos. Essa transferência só ocorreria agora em outro tom de negociação. ;O PMDB não abriria mão de ter um governador disputando a reeleição e estaria aberto a contemplar os planos de Arruda;, avalia um peemedebista que apóia essa possibilidade. Palanque governista ;O Arruda dará um nó na política do Distrito Federal se migrar para um partido da base do governo Lula;, avalia o presidente regional do PT, Chico Vigilante. ;Temos projeto e teremos candidato próprio, mas nossa situação ficará mais difícil porque o presidente Lula terá mais de um palanque;, diz o petista que considera viável e possível tal transformação no cenário local. Há meses, Filippelli tem tentado costurar uma aproximação com petistas de Brasília, como o deputado federal Geraldo Magela. Ele também construiu um diálogo com Vigilante e com o potencial candidato petista ao governo Agnelo Queiroz. Hoje se cogita uma disputa eleitoral com três frentes: um nome do PT, um representante do grupo rorizista e Arruda ; ou Paulo Octávio. Mas os políticos com potencial para disputar cargos majoritários evitam ataques frontais, numa demonstração de que o futuro poderá uni-los, a depender dos rumos dos partidos em âmbito nacional. Na semana passada, Arruda recebeu na residência oficial de Águas Claras Filippelli e Magela, em tom cordial, sem clima de disputa política, para discutir assunto de interesse dos moradores do Cruzeiro.

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