postado em 29/10/2008 09:02
O PSDB abriu uma frente agressiva de flerte com o PMDB visando um acordo para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010. As negociações passam pela declaração de apoio dos tucanos ao nome de Michel Temer (PMDB-SP) à Presidência da Câmara dos Deputados e à manifestação de que não há veto à candidatura do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) ao comando do Senado. ;O PSDB define sua estratégia levando em conta o que é melhor para o partido;, disse o líder tucano Arthur Virgílio (AM).
Temer avalia ser normal a tentativa de aproximação dos tucanos, mas disse que o natural hoje é uma aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do PMDB defende que, apesar da relação com o PT e o flerte do PSDB, a decisão sobre a aliança de 2010 deva ser tomada apenas no segundo semestre do ano que vem.
O dirigente peemedebista tem sido alvo do assédio dos tucanos pelo bom relacionamento criado na época do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Ele conversou com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), para parabenizá-lo pela vitória de Márcio Lacerda (PSB) à prefeitura de Belo Horizonte. Em troca, o tucano também o congratulou pelo forte desempenho do partido nas eleições municipais.
Esse é justamente o argumento de Michel Temer para o assédio dos dois lados. ;A eleição municipal foi bastante positiva;, disse, acrescentando que o desempenho eleitoral colocou o partido como protagonista de qualquer acordo visando 2010.
Os tucanos passaram também a difundir nos bastidores que aceitariam a candidatura de Sarney, apesar de o senador pelo Amapá ter dito que não deseja ser, novamente, presidente da Casa. O movimento do PSDB visa incluir os senadores peemedebistas, considerados os mais alinhados com o Palácio do Planalto, nesse jogo de futura aliança com a oposição.
O líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), criticou a tentativa de aproximação do PSDB e os flertes de peemedebistas com tucanos. ;Não podemos estar casados com o governo e começar a namorar com outro partido dois anos antes da eleição;, afirmou Raupp.
Apesar de ser vista com ceticismo, a candidatura de Sarney, de acordo com peemedebistas, tem sentido político. Avaliam que a sobrevivência política dele passa pela Presidência do Senado, já que o ex-presidente está cada vez menor no Maranhão, elegendo menos aliados, e corre o risco de ter dificuldade de garantir a vaga de senador por parecer perder a briga no Macapá para o grupo político adversário.
Reunião
A bancada de senadores peemedebistas deve se reunir hoje na residência de Valter Pereira (PMDB-MS) para discutir as posições do partido em relação à sucessão do Senado: se haverá candidato próprio ou se aceitam o acordo em torno do nome de Tião Viana (PT-AC).
O senador petista articula sua candidatura para ter apoio do PMDB e negocia com tucanos e democratas a redução de resistência ao seu nome. Viana marcou um almoço com os líderes do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e do DEM, José Agripino (RN), para discutir sua candidatura.
Tião Viana disse que o grupo de peemedebistas, comandados pelo ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que divulga a tese de veto ao seu nome está, na verdade, escondendo os seus reais interesses. ;O jogo do PMDB é porque eles mesmos querem lançar um candidato e querem me colocar como espantalho. O próprio Renan já disse que não vê nenhum problema na minha candidatura;, afirmou Viana.
Como o xadrez de 2010 começa com as eleições das cúpulas da Câmara e do Senado, Michel Temer quer ficar bem com ambos os lados. Promete trabalhar para ajudar um acordo entre PT e PMDB no Senado, mas enfatiza que não há nenhuma relação entre os dois pleitos. ;Ajudarei no que for preciso lá no Senado para possibilitar um acordo;, disse o Temer. ;Mas eu não posso comandar a dinâmica do Senado;, acrescentou.