postado em 31/10/2008 08:34
As bancadas do PMDB na Câmara e no Senado chegaram a um raro consenso. Concluíram que o partido tem condições de ficar com a presidência das duas casas. Resultado do bom desempenho da legenda nas eleições municipais. A conquista de quase 1.200 prefeituras, incluindo capitais importantes como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador, transformou o partido no aliado mais cobiçado para as eleições presidenciais de 2010. Nem o Palácio do Planalto nem a oposição querem correr o risco de bater de frente com os peemedebistas nas eleições para o comando do Congresso.
Deputados e senadores continuarão a tratar separadamente as duas eleições. Até porque o quadro é bem diferente em cada uma das casas. Na Câmara, Michel Temer (SP) avançou muito nos últimos dias. Recebeu do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), a promessa de apoio dos parlamentares tucanos. Já tinha recebido o mesmo aceno do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). Os tucanos miram em 2010. Temer é o presidente nacional do PMDB e tem grande influência sobre a bancada do partido na Câmara. Comprar uma briga com ele é mau negócio.
O rival PT fez um movimento semelhante. A bancada petista na Câmara vinha falando em condicionar o voto em Temer ao apoio dos senadores peemedebistas à candidatura de Tião Viana (PT-AC) à Presidência do Senado. Esta semana, o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP) disse publicamente que não haverá condições. Segue uma orientação do Palácio do Planalto, que não quer crises entre PT e PMDB. Mais uma vez, o objetivo são as alianças para 2010.
No Senado, a coisa é mais complicada. O PMDB não tem um candidato óbvio e se divide entre vários nomes que disputam espaço nos bastidores. E ainda precisa superar a candidatura de Tião Viana. A boa notícia para o partido é que também no Senado a oposição aposta em incentivar a briga entre PMDB e PT. Para isso, estão dispostos a apoiar um peemedebista.
Intrigas
Tião Viana negou ontem que tenha acusado o colega de bancada Delcídio Amaral (PT-MS) de vazar dossiês contra ele na imprensa. Mas admitiu ter sido avisado sobre os supostos dossiês. ;Me disseram que um assessor de Delcídio tinha procurado duas revistas com denúncias contra mim. Como sou amigo dele, fui avisá-lo dessa intriga;. Tião diz que as denúncias ;não tinham nada concreto;. O episódio mostra o clima tenso que a disputa pela presidência instaurou no Senado. Delcídio é apontado nas especulações do Senado como um petista que poderia ter melhor aceitação na oposição que Tião Viana, por ser menos identificado com o Palácio do Planalto.