postado em 31/10/2008 08:44
O Palácio do Planalto já tem um plano B para as eleições do Senado, caso a candidatura do petista Tião Viana (AC) de fato se inviabilize: apoiar a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), atual líder do governo no Congresso, considerada uma aliada de primeira hora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e adversária figadal do governador paulista José Serra (PSDB). A alternativa passou a ser considerada depois de um encontro de Lula com Roseana e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo na Casa, e Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-presidente do Senado, no começo da semana.
Candidato em campanha aberta, Tião Viana (PT-AC) é minado na própria base. Na terça-feira, no jantar da bancada do PT, tinha expectativa de que seu nome seria formalmente lançado como candidato pela legenda, mas os colegas jogaram um balde de água fria na campanha e desvincularam sua candidatura da eleição para a Presidência da Câmara, onde há um acordo da bancada do PT com o PMDB para eleger o deputado Michel Temer (PMDB-SP). ;Abrimos mão da reciprocidade porque não podemos desestabilizar o processo na Câmara, onde o nome de Temer está bem encaminhado. A eleição de Tião Viana será fruto de um trabalho ;consensuado; para recuperar a imagem do Senado, que anda muito desgastada;, argumenta a líder do PT, Ideli Salvatti (PT-SC).
Segundo ela, há sinais de que muitos senadores do PMDB e até da oposição desejam renovar o comando da Casa e já apóiam Viana, aposta na qual repousaria hoje a esperança do petista de superar as restrições veladas que sofre do comando do PMDB. Parlamentares como Demóstenes Torres (DEM-GO), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Tasso Jereissati (PSDB) estariam propensos a votar em Viana. Na cúpula do Senado, porém, os obstáculos para petista permanecem. Entre os atuais integrantes da Mesa, há muitos ressentimentos em relação à sua atuação no período em que exerceu interinamente a presidência da Casa, além do temor de que promova uma caça às bruxas na alta burocracia do Senado, que é muito poderosa e ligada aos ex-presidentes da Casa.
Eleitores
Na bancada do PMDB, o grande eleitor é o senador Renan Calheiros, que renunciou à Presidência do Senado mas conseguiu evitar a própria cassação em votações de plenário duas vezes. A força de Renan se confunde com a de Sarney, que passou a ser a aposta das bancadas do PSDB e do DEM para evitar a eleição de Viana. Com a esposa adoentada e cada vez mais dedicado à literatura, Sarney reluta a aceitar o cargo, mas não impediria a filha de ocupá-lo. Renan, por sua vez, se prepara para voltar à liderança da bancada do PMDB no Senado, no lugar do senador Valdir Raupp (PMDB-RO).