postado em 31/10/2008 16:31
O senador Gerson Camata (PMDB-ES) vai sugerir à Mesa Diretora do Senado o fim de uma tradição das repartições públicas, incorporada pelo Congresso Nacional: o uso obrigatório de terno e gravata para os servidores, incluindo os parlamentares. O senador quer adotar na Câmara e no Senado o modelo da Organização das Nações Unidas (ONU), nos Estados Unidos, que aboliu o uso do terno e da gravata entre os funcionários para economizar energia elétrica.
A ONU decidiu acabar com a tradição para reduzir os gastos, com o aumento na temperatura do ar condicionado em sua sede dos 22° C para os 25° C. Como os servidores não precisam mais usar terno, foram autorizados a trabalhar com camisa e calça social - o que permitiu a elevação da temperatura do ar, economizando energia.
"Há uma economia de US$ 100 mil por mês em energia elétrica. Na Europa, a gravata sumiu. Aqui, num país tropical, nunca tivemos uma iniciativa dessas. Vou pedir à Mesa um estudo de quanto pode se economizar, aí vamos ver se é interessante adotar essa medida", afirmou o senador.
Camata admitiu que ficou incomodado com o calor registrado em Brasília nos últimos dias. A cidade teve a máxima de 35,8° C nesta semana, o recorde histórico na temperatura da capital federal --que só viveu calor semelhante em 1960. Bem-humorado, Camata disse que os parlamentares, ao contrário das deputadas e senadoras, não têm alternativa para escapar do calor.
"As senadoras podem trabalhar à vontade, e nós temos que ficar com o pescoço apertado. A (ex) senadora Heloísa Helena (PSOL) tinha um uniforme: calça jeans e camiseta branca. Por que nós, senadores, não podemos defender os nossos direitos? Só a bancada feminina é que pode ter suas reivindicações atendidas?", afirmou.
Camata argumenta que um país tropical, como o Brasil, deve adotar a camisa e a calça social como vestimenta oficial dos parlamentares e dos funcionários públicos. "Não vai ser os Estados Unidos e a França a ensinar a gente que roupa é boa para se vestir num país tropical. Isso não é bobagem, pode se traduzir em economia e na preservação do meio ambiente." Histórico Assim como Camata, diversos parlamentares já se mostraram favoráveis ao fim da obrigatoriedade do terno e da gravata no Congresso. A vestimenta é obrigatória inclusive para quem visita a sede do Legislativo nos dias em que há sessão plenária --quando os homens não podem circular no Salão Verde da Câmara, que dá acesso ao plenário, se não estiverem de terno e gravata.
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que concorreu à presidência da Câmara em 2006, chegou a prometer a extinção do terno e da gravata caso fosse eleito presidente da Casa. Com a derrota, o assunto acabou saindo da pauta de discussão dos parlamentares.