postado em 03/11/2008 08:45
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocará líderes do PMDB no Congresso e ministros do partido para uma conversa. No encontro, que será agendado na reunião desta segunda-feira (03/11) da coordenação política, no Palácio do Planalto, Lula tentará convencer a bancada da sigla no Senado a abrir mão da Presidência da Casa em favor do PT. Em retribuição, os petistas votariam no deputado peemedebista Michel Temer (SP) para próximo comandante da Câmara, conforme acordo selado há dois anos. Lula não quer o PMDB chefiando sozinho o Legislativo. Teme dar poder demais a uma agremiação que pode rumar com o PSDB em 2010.
Para o presidente, o ideal é que, além da vitória de Temer, Tião Viana (PT-AC) seja o sucessor de Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) no Senado. Esse recado foi dado por Lula aos senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP) em um jantar há duas semanas. Na ocasião, os dois pareceram concordar com a tese, mas não assumiram o compromisso de trabalhar nesse sentido. Para piorar a situação, com o passar dos dias, a bancada do PMDB fechou questão contra o petista e decidiu lutar para manter o controle da Casa. Informado do fato, Lula resolveu jogar uma cartada derradeira. Na conversa, lembrará, por exemplo, que os peemedebistas têm um espaço privilegiado no governo. Leia-se: seis ministérios e presidências de estatais do setor elétrico.
;A nossa prioridade é Tião, Tião e Tião;, diz um auxiliar do presidente. Ele reconhece, no entanto, que não há disposição para confrontar o PMDB. Ou seja, se o partido bater o pé, a tendência é que fique com as presidências da Câmara e do Senado. Entre outros motivos porque Lula não quer desagradar à maior legenda do país, cujo apoio é considerado fundamental por qualquer candidato à sucessão presidencial.
Agenda positiva
Nesta semana, o governo também retomará a ofensiva destinada a garantir a aprovação de propostas que, segundo o Palácio do Planalto, podem ajudar o país a lidar com a crise financeira mundial. Na Câmara, a prioridade é votar, amanhã, os últimos destaques sugeridos pela oposição ao projeto que cria o chamado Fundo Soberano. O texto reserva R$ 14 bilhões ao fundo. PSDB e DEM querem definir regras para o uso de tais recursos, a fim de impedir que o governo desembolse a verba da forma que quiser. Segundo os oposicionistas, o Congresso não pode dar um ;cheque em branco; para o presidente Lula, criticado por supostamente gastar mal o dinheiro público.
Nesta semana, os deputados também começarão a discutir em plenário a Medida Provisória (MP) 443, que autoriza o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a comprarem, sem processo de licitação, instituições financeiras afetadas pela turbulência nos mercados. Uma centena de emendas já foi apresentada à MP. Do total, 48 por tucanos. O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), por exemplo, quer obrigar os dois bancos públicos a revenderem, em no máximo dois anos, as ações que eventualmente comprarem. A idéia é afastar a possibilidade de ;estatização; do sistema financeiro.
Já o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), defende a imposição de um limite à aquisição dos papéis. Sugere um percentual de até 20% das ações. Se depender da bancada governista, que tem maioria folgada na Câmara, o projeto do Fundo Soberano e a MP 443 serão votados e encaminhados ainda nesta semana ao Senado. Lá já tramita a MP 442, que aumenta os poderes do Banco Central para responder às conseqüências da crise.
Antes de analisar o projeto e as duas medidas provisórias consideradas prioritárias por Lula, os senadores precisarão limpar a pauta da Casa. Atualmente, há outras cinco MPs impedindo as votações. Duas delas reajustam os salários de 350 mil servidores públicos e criam 2 mil cargos na Polícia Federal.