postado em 03/11/2008 20:34
A Comissão de Ética Pública do governo federal arquivou o processo contra o chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. Carvalho era acusado de tráfico de influência por suspeita de repassar informações privilegiadas da Operação Satiagraha, desencadeada pela Polícia Federal, ao advogado e ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Em nota oficial, a comissão recomenda o arquivamento "por descabimento da abertura do processo ético" por falta de provas e porque não houve "infração ética".
No final de setembro, o relator do caso, Roberto Caldas, recomendou o arquivamento do caso. Nesta segunda-feira, por unanimidade os conselheiros rejeitaram a denúncia feita pelo jornalista Ricardo Pires de Mello e seguiram o relator. Para preparar o parecer, Caldas examinou todo o material relativo à Operação Satiagraha, inclusive as publicações jornalísticas. Segundo o relator, a comissão só abriria procedimento ético contra Carvalho se houvesse o entendimento de que suas explicações não eram suficientes. Ao longo do dia de hoje os conselheiros avaliaram se a degravação de parte da conversa entre Greenhalgh e Carvalho poderia ser utilizada como prova contra o assessor já que as interceptações telefônicas eram sigilosas e foram tornadas públicas pela imprensa.
Suspeitas Carvalho é suspeito de vazar informações da Operação Satiagraha a Greenhalgh. Em nota oficial, o chefe-de-gabinete de Lula admitiu que conversou com o ex-deputado e informou que o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência não investigava o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Greenhalgh telefonou para Carvalho em busca de informações sobre o seu cliente Humberto Braz, investigado na Satiagraha e braço-direito de Dantas. Em nota, Carvalho negou ter pedido informações à PF e ao Ministério da Justiça sobre as investigações. O chefe-de-gabinete confirmou que Greenhalgh pediu que obtivesse "mais informações" por meio da PF de dados sobre o inquérito da Satiagraha. Em depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, o ex-diretor geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, confirmou que Carvalho procurou o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) para pedir informações sobre a Operação Satiagraha.